CRATO
( CE) — Cerca de 40 mil alunos, com mais de 16 anos
de idade e ainda analfabetos, tomaram o caminho da escola,
para recuperar o tempo perdido, nos braços do programa
Brasil Alfabetizado, que atende à maioria dos municípios
do Cariri. A Universidade Regional do Cariri (Urca) partiu
na frente em número de alunos. São cerca de
28 mil estudantes de 31 municípios de sua área
de atuação.
O núcleo do Serviço Social da Indústria
(Sesi), com sede no Crato, matriculou 8.945 alunos, divididos
em 449 turmas espalhadas na região. O programa da Urca
é coordenado pelo pró-reitor de Extensão,
José Carlos dos Santos, que está visitando as
escolas, fazendo entregar os kits e proferindo palestras sobre
a importância do programa.
No Cariri, o programa é coordenado pela professora
Socorro Abreu. O Ministério da Educação
e Cultura (MEC), por intermédio do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE), concede
assistência financeira para ações de alfabetização
de jovens e adultos e formação de alfabetizadores
nas entidades federais, estaduais, municipais e privadas de
Ensino Superior, sem fins lucrativos. Também nos organismos
da sociedade civil com comprovada experiência em educação
de jovens e adultos. A meta é possibilitar a inclusão
social e combater as desigualdades educacionais, buscando
formas que ampliem o acesso e a continuidade da escolarização
em todos os níveis para aproximadamente 20 milhões
de brasileiros com mais de 15 anos, que não tiveram,
na idade adequada, acesso à escola.
Para José Carlos, o programa constitui-se num grande
desafio pela sua dimensão e responsabilidade social
na alfabetização de jovens e adultos. A meta
inicial, segundo ele, era de 10 mil alunos em todo o Cariri,
passando depois para 15 mil e, hoje, reunindo quase 30 mil
alfabetizandos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia
Estatística (IBGE), há cerca de 250 mil analfabetos
em 52 municípios do Centro-Sul, que vai de Icó
a Penaforte, no limite com Pernambuco.
José Carlos reconheceu as dificuldades iniciais do
programa motivadas pela demora na entrega dos kits e o atraso
no pagamento dos alfabetizadores e coordenadores. Ele atribui
o problema à mudança do ministro da Educação
e a reestruturação do Brasil Alfabetizado. Antes,
eram pagos R$ 15,00 por cada aluno matriculado e, hoje, foi
estabelecido um piso fixo de R$ 120,00 com mais R$ 7,00 por
aluno alfabetizado.
As turmas passaram de seis para oito meses. O coordenador
elogiou a qualidade do material que está sendo entregue
e disse que a Urca sempre acreditou no programa pensando em
contribuir com a mudança do quadro social no Cariri.
Os cerca de 1.194 professores estavam sem receber os salários
desde agosto e, com o repasse da primeira parcela no final
de janeiro, por parte do Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação, a Urca efetuou o pagamento de alguns
meses e comprou o material. Agora, de acordo com José
Carlos, a pretensão da Universidade é lutar
para colocar o pagamento em dia e motivar os alfabetizadores
e melhorar o programa.
O Brasil Alfabetizado representa um portal de entrada na
cidadania, articulado diretamente com o aumento da escolarização
de jovens e adultos e promovendo o acesso à educação
como um direito de todos em qualquer momento da vida. “É
uma versão atualizada do Movimento Brasileiro de Alfabetização,
Mobral, que foi implantado em 1967 com o objetivo de dar prosseguimento
às campanhas de alfabetização de adultos.
A preocupação do Mobral era tão somente
fazer com que os seus alunos aprendessem a ler e a escrever,
sem uma preocupação maior com a formação
do homem”. Ao fazer a comparação, a professora
do Sesi, Margarida Maria Lima, explica que “o objetivo
deve ser sempre o de formar cidadãos críticos
e conscientes da nossa realidade, e não uma legião
de analfabetos funcionais, que apenas escrevem mecanicamente
seus nomes, sem pensar. O ingresso no mundo da cultura deve
ser pela porta da frente”.
As informações são
do jornal Diário do Nordeste, de Fortaleza CE.
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