A gratuidade, maior inovação
da Bienal de São Paulo deste ano, deverá ser
mantida em sua próxima edição, ao menos
é o que deseja o presidente da Fundação
Bienal, Manoel Francisco Pires da Costa: "Gosto de pensar
na hipótese de a Bienal continuar gratuita, pois é
importante que ela seja democrática."
Até a última terça, 735.504 visitantes
haviam passado pela entrada do pavilhão da Bienal no
Ibirapuera, o que já se configura como recorde de público
do evento, aberto só até o próximo dia
19.
A edição anterior, que ostentava tal feito,
havia recebido cerca de 670 mil pessoas, numa média
de 9.436 pessoas por dia.
Entretanto, a média da atual edição
10.075 pessoas por dia,não representa um aumento substancial
de público, se for levada em conta justamente a gratuidade
da Bienal, o que não ocorreu na vez passada.
A expectativa do presidente da Fundação é
de pelo menos 1 milhão de visitantes. "Estamos
fazendo um esforço de mídia para chamar mais
público nestes últimos dias, mas mesmo que não
cheguemos a 1 milhão, o que vale é o espírito
aberto que demos a esta edição", reforça
Pires da Costa, que deve permanecer no cargo na próxima
edição.
Apenas no próximo ano será eleito o novo presidente
da Fundação, pois os estatutos da entidade afirmam
que só pode ocorrer a eleição após
a prestação de contas da edição
anterior, o que, segundo Pires da Costa, dever ocorrer no
fim de janeiro ou no começo de fevereiro. Contudo,
desde a abertura desta 26ª Bienal, em setembro passado,
diversos conselheiros têm manifestado apoio à
continuidade de Pires da Costa, que não esconde seu
desejo de permanecer no cargo: "Tenho recebido vários
apelos de conselheiros para permanecer e sou um soldado".
Com isso, a grande questão é quem será
o curador da próxima Bienal. Vários nomes circulam
entre os especialistas em arte, como o da francesa Catherine
David, que, em 1997, foi responsável pela Documenta
de Kassel, a exposição que mais alcança
repercussão na cena contemporânea. "Eu nem
sei quem ela é. Não estou sabendo de nada",
afirma Pires da Costa.
"Hoje eu gostaria de ver um curador brasileiro à
frente da Bienal, mas ainda vou conversar com muita gente.
Acho também que é sempre interessante ter mais
que uma cabeça para se pensar a Bienal, por isso talvez
escolhamos um time", diz o presidente.
Alfons Hug, o curador das últimas duas edições
da mostra, continua a exercer poder na Bienal no entanto.
Ele foi escolhido por Pires da Costa para indicar a representação
brasileira na próxima Bienal de Veneza, em junho de
2006, fato raro, pois em geral o curador que escolhe os brasileiros
na mostra italiana é o mesmo que cuida da próxima
edição da Bienal de São Paulo. Em 2003,
Hug indicou Rosângela Rennó e Beatriz Milhazes.
Segundo Pires da Costa, Hug ainda não escolheu os nomes
dos artistas.
Hug tampouco encontra-se em São Paulo. Ele está
no exterior, cuidando da itinerância da Bienal paulista,
que irá circular, de março a maio do próximo
ano, por duas capitais do Brasil, Salvador e Alagoas, e outras
três do exterior: Santiago (Chile), Buenos Aires (Argentina)
e Lima (Peru).
26ª BIENAL DE SÃO PAULO
Mostra com obras de 135 artistas de 62 países. Curadoria:
Alfons Hug. Quando: de seg. a qui., das 9h às 22h;
sex. a dom., das 9h às 23h. Até 19/12. Onde:
Pavilhão da Bienal (parque Ibirapuera, portão
3, tel. 0/xx/ 11/5574-5922). Quanto: entrada franca. Patrocínio:
Petrobras, Banco do Brasil, BM&F, Bovespa, Nestlé
e Votorantin, entre outros.
FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo
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