Quase um século após
sua inauguração, o teatro do mosteiro de São
Bento, no centro de São Paulo, entra em uma nova fase.
O local, que até agora era voltado às atividades
do colégio que funciona anexo ao mosteiro, passou nos
últimos seis meses por uma reforma de aproximadamente
R$ 500 mil e reabre no próximo dia 21 disposto a integrar
o calendário cultural da cidade.
Na estréia, o violoncelista Antonio Meneses e o pianista
holandês Frédéric Meinders. Os ingressos
serão vendidos a R$ 120, e o mosteiro contará
até com serviço de manobrista. A meta dos monges
-famosos na cidade pelas missas acompanhadas de canto gregoriano-
é ter, na área musical, ao menos uma apresentação
internacional por mês, ao longo de todo o ano que vem,
além dos espetáculos de dança e peças
teatrais.
"Não se trata de transformar o teatro em local
comercial, mas num teatro de qualidade, ligado a um projeto
educacional amplo e aberto à sociedade", diz dom
Carlos Eduardo Uchôa Fagundes, reitor do colégio
e da faculdade São Bento -onde estudaram Oswald de
Andrade e os irmãos Haroldo e Augusto de Campos.
O teatro de 285 lugares foi reformado do teto ao chão.
No piso estava um dos principais problemas da reforma: a trepidação
causada pelo metrô, que passa sob o mosteiro. Como os
ladrilhos originais, de origem portuguesa, não podiam
ser removidos sem sofrer danos, um novo piso foi construído
sobre ele, separado do primeiro por camadas de madeira, borracha
e lã de rocha ("manta" que proporciona isolamento
térmico e acústico). Com isso, o ladrilho fica
protegido, mas "escondido".
No teto, foi instalada uma estrutura de metal e vidro que
melhora a distribuição do som. Também
foram criadas "paredes" de vidro duplo, com cortinas
automáticas, nos vãos dos arcos que formam o
corredor entre o teatro e o colégio. A proposta permite
que o teatro seja isolado durante espetáculos sem,
com isso, interferir na estrutura arquitetônica, já
que o local é tombado. As obras foram feitas com doações
-o patrocinador, porém, não quer ser identificado.
O mosteiro foi criado em 1598. Já o colégio
da entidade, assim como o teatro, foram construídos
em 1903. Cinco anos depois, foi fundada no local a Faculdade
de Filosofia -primeira voltada especificamente a essa área
no país.
Aniversário da Paulista
Para comemorar os 113 anos da avenida Paulista, hoje, a associação
Paulista Viva irá reinaugurar, ao meio-dia, a praça
Oswaldo Gogliano - Vadico, próximo ao metrô Paraíso.
No local, haverá um painel de grafite com obras do
pintor modernista Cândido Portinari. A partir das 10h,
a entidade irá também distribuir 10 mil vasos
de flores, com cartões comemorativos, em três
pontos da avenida.
AMARÍLIS LAGE
da Folha de S. Paulo
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