Em 1946, ao chegar a São
Paulo, a italiana Maria Bonomi ouviu seu avô recomendar
ao motorista do táxi: "Não passe na Líbero
Badaró". O comendador Giuseppe Martinelli não
queria passar na rua onde estava o prédio que havia
construído, batizado e, anos antes, perdido: o edifício
Martinelli, primeiro arranha-céu da cidade. "Ver
o prédio daquele jeito, subutilizado, era uma tristeza
muito grande para ele", lembra.
Quase 60 anos depois, a artista plástica diz passar
por um "resgate afetivo": a casa onde seu avô
morou, no alto do prédio, será convertida em
centro cultural.
O local, que pertence à prefeitura, será coordenado
pela Associação Amigos do Martinelli, criada
ontem. Além de Bonomi, a entidade reúne pessoas
ligadas à comunidade italiana da cidade, como o empresário
Rogério Fasano, o ex-ministro Andrea Matarazzo, o jornalista
Mino Carta e o advogado Dalmo de Abreu Dallari.
Segundo Bonomi, um dos projetos já previstos é
a instalação de um memorial do imigrante italiano
e um espaço voltado à história urbanística
de São Paulo. A casa também abrigará
palestras, cursos e lançamentos de livros. "Podemos
ter até mesmo casamentos, porque a paisagem é
linda."
A meta é que as primeiras propostas sejam implementadas
ao longo do próximo ano. A casa foi construída
no alto do edifício por Martinelli como forma de mostrar
à população que o prédio não
corria risco de cair.
Na época, um dos prédios mais altos da cidade
era o Sampaio Moreira, também no centro, com 12 andares.
O Martinelli tinha 25 -o código de obras chegou a ser
reformulado para permitir a obra.
Problemas técnicos, porém, comprometeram a fortuna
de Martinelli e a ocupação não foi a
esperada.
Em 1939, ele perdeu o prédio. "São Paulo
não estava madura o suficiente", diz Bonomi.
As informações são
do jornal Folha de S. Paulo.
|