A coleta de lixo passou a ser feita
de porta em porta em áreas de difícil acesso
de São Paulo desde ontem. Nas Favelas do Jaguaré,
zona oeste, e Heliópolis, na zona sul, o serviço
teve início ontem. Além de eliminar grande parte
dos resíduos que geralmente ficavam espalhados pelas
ruas, a iniciativa gerou novos empregos
nas comunidades. Os coletores contratados são todos
moradores da região.
Em Heliópolis, a equipe conta com 25 coletores e,
no Jaguaré, 8. O salário médio é
de R$ 890. Eles recolhem o lixo de casa em casa e depois colocam
todo o material em “compactêineres”, uma
mistura de compactador com contêineres, que são
recolhidos por caminhões diariamente.
Novo emprego
Inácio Silvino de Freitas, de 37 anos, morador de Heliópolis,
é um dos contratados. “Estava desempregado havia
4 anos. Acho certo empregar quem mora aqui. Nós conhecemos
cada cantinho em que tem lixo”, diz.
Para Josenildo dos Santos Souza, de 32 anos, o novo emprego
veio na hora certa. “Minha mulher está desempregada
e grávida do nosso terceiro filho.
Havia dois anos só fazia bicos de pintor, precisava
de um emprego fixo. No dia em que fomos preencher a ficha
tinha mais de 600 pessoas.”
A novidade agradou aos moradores. “Antes, a gente colocava
os sacos de lixo na frente de casa e logo eram rasgados por
catadores de latinhas ou mesmo cachorros. A calçada
ficava uma sujeira, meu trabalho era dobrado. Mas tenho pena
daqueles que sobreviviam do lixo”, diz a comerciante
Maria Cícera, 48 anos, que há 24 mora em Heliópolis.
“O caminhão até que passava todos os
dias, o problema é que muito lixo continuava por aí,
tinha gente que não sabia onde deixar. Hoje já
deu para perceber a melhora”, conta a cozinheira Terezinha
Conrado Vieira,
de 54 anos.
Por ser um serviço novo, ainda não há
estimativa da quantidade de material a ser recolhido. A comunidade
está sendo informada sobre o serviço por panfletos
explicativos distribuídos pelos próprios coletores.
A previsão da Prefeitura é de que até
meados de 2005, todos os 96 distritos contem com a coleta
porta a porta. Em São Paulo, os investimentos na área
de limpeza ultrapassam R$ 1 bilhão.
NATÁLIA ZONTA
do jornal O Estado de S. Paulo
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