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urbanismo
26 /04/2004

Cidade se prepara para ter seu Bairro Novo

Um novo bairro vai começar a ser criado em São Paulo, em uma área de cerca de 878 mil m2, entre a Barra Funda e a Água Branca (zona oeste). Ocupada por galpões de depósito, campos de futebol e lotes irregulares, a área ganhará, em julho, um projeto urbanístico, escolhido em um concurso chamado Bairro Novo, promovido pela prefeitura e pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).

Esta será a primeira vez que a prefeitura toma a iniciativa de planejar um bairro -todos os demais bairros planejados da cidade se originaram de loteamentos privados, como a City Lapa e o Alto de Pinheiros, criados pela Cia. City no início do século 20.

E a área delimitada para o bairro é também uma das últimas ainda subutilizadas que restaram na região entre os rios Pinheiros e Tietê, onde a alta densidade demográfica, a falta de terrenos livres e a infra-estrutura elevaram o preço dos imóveis e expulsaram a população de baixa renda.

De acordo com o secretário de Planejamento, Jorge Wilheim, a proposta da criação do bairro surgiu a partir de um estudo da Operação Água Branca, que foi criada em 1995 pelo então prefeito Paulo Maluf e obteve resultados mínimos. A sugestão foi feita aos proprietários dos terrenos -a administração municipal, o governo federal, a Telefônica e alguns particulares- que adotaram a idéia.

Eles assinaram um protocolo de interesses para formar uma sociedade, na qual a representação de cada um fica vinculada ao tamanho do terreno que possuem. O projeto vencedor vai virar uma lei, uma revisão da Operação Urbana, e a sociedade negociará com os empreendedores.

Paulo Sophia, presidente do IAB/SP, explica que o concurso coloca como referência para os arquitetos uma série de questionamentos. Como deve ser o bairro ideal para se viver em São Paulo hoje em dia? Que tipo de circulação será privilegiada? Qual o desenho urbano e as características de seus espaços públicos?

Além da reflexão teórica, o concurso dá diretrizes mais concretas para os candidatos, como a mistura de usos, de tipos de habitação e espaços públicos, além da necessidade de manter uma parte da área permeável, devido à característica geográfica do local, antiga várzea do rio Tietê.

"Eu não quero fazer uma nova Faria Lima. Que o prolongamento da avenida foi um sucesso de lançamento de imóveis, é indiscutível. Agora, que seja um bom lugar para morar, é discutível. O Bairro Novo vai ser bom para morar, e nós temos a convicção de que dá para ganhar dinheiro e fazer uma coisa boa para se morar", afirmou Wilheim. Segundo ele, os projetos serão julgados pelo critério do bem-viver, como moradia, trabalho, lazer e pontos de encontro.

O tamanho da área subocupada, a boa localização, a variedade de transporte -com estação de metrô, trem metropolitano e grandes avenidas- e a possibilidade de introduzir nova vida urbana no antigo território industrial fazem com que especialistas chamem a atenção para a oportunidade única de planejar uma ocupação mais racional e harmoniosa do espaço.

"Essa área é realmente uma coisa interessantíssima que está solta e livre dentro da cidade. Ela sobrou milagrosamente por motivos econômicos vários e deve ser aproveitada com o máximo de inteligência e bom senso", afirma o arquiteto Carlos Lemos, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

Para a arquiteta Regina Monteiro, do Defenda São Paulo, os projetos devem considerar a referência histórica e dialogar com os bairros vizinhos. O concurso, diz, é a forma mais democrática de ter um projeto para a região.

Para um dos que concorrem, o arquiteto Héctor Vigliacca, o poder público sempre se associa às empreiteiras para fazer intervenções. Isso, segundo ele, gerou "uma série de coisas que são vergonhosas como soluções urbanísticas para São Paulo". "A iniciativa movimenta uma classe intelectual que nunca foi chamada", diz.

A Barra Funda já começa a ganhar novos empreendimentos, que tendem a se intensificar com o prédio do Tribunal Regional do Trabalho, inaugurado neste ano, que deve atrair escritórios e apartamentos, afirma Henrique Cambiaghi, presidente da Asbea (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura).

"O interesse do mercado imobiliário pela região vai crescer com ou sem o projeto. A grande vantagem de ter um planejamento urbanístico é que você não deixa o mercado imobiliário tão solto. Você pensa parâmetros de ocupação para oferecer aos empreendedores, que sozinhos pensam apenas nas suas construções, com resultados que não são bons do ponto de vista urbanístico", diz Eduardo Della Mana, diretor do Secovi (sindicato de construtoras e imobiliárias).


SIMONE IWASSO
da Folha de S.Paulo

 
 
 

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