Trabalhos
estressantes dobram os riscos de que o profissional passe
a sofrer de depressão, segundo pesquisadores britânicos.
Um estudo que envolveu mil participantes
com 32 anos de idade revelou que 45% dos casos novos de depressão
ou ansiedade apresentados no grupo estavam associados à
alta pressão no trabalho.
Os pesquisadores definiram um trabalho estressante como aquele
em que o profissional não tem controle sobre sua rotina,
trabalha longas horas, com prazos não-negociáveis
e grande volume de tarefas.
O estudo, publicado na revista "Psychological Medicine",
sugere que o empregador precisa fazer mais para proteger a
saúde mental dos trabalhadores.
A equipe do King's College, em Londres, trabalhando com pesquisadores
da Dunedin Medical School da University of Otago, na Nova
Zelândia, entrevistou homens e mulheres com 32 anos
de idade que estão participando de um estudo de longo
prazo, o Dunedin Study.
Entre os entrevistados, 14% das mulheres e 10% dos homens
que trabalham sofreram uma primeira crise de depressão
ou ansiedade aos 32 anos.
Os pesquisadores concluíram que, desses novos casos,
45% estavam associados ao estresse no trabalho.
A coordenadora do estudo, Maria Melchior, epidemiologista
do MRC Social, Genetic and Developmental Psychiatry Centre
do King's College London, disse que a idade dos entrevistados
é um ponto forte do estudo.
"Essa é uma idade em que os indivíduos
estão se firmando em suas carreiras e há menor
probabilidade de que optem por trabalhos menos estressantes,
como fazem trabalhadores mais velhos."
O pesquisador da University of Otago Richie Poulton, co-autor
do estudo, disse que jovens correm mais risco de sofrer de
depressão e ansiedade.
Richie sugere que é importante aliviar o estresse
nesse grupo e aponta caminhos:
"Estudos interventivos mostram que há pelo menos
duas abordagens produtivas para reduzir o estresse no trabalho",
diz .
"É possível ensinar as pessoas a lidar
com situações estressantes por meio de aconselhamento
psicológico ou mudar o trabalho de forma a diminuir
as pressões."
Os entrevistados tinham profissões diversas, entre
as quais ator, cirurgião, professor, piloto de helicóptero,
lixeiro, jornalista e policial.
Mas, segundo o pesquisador Terrie Moffitt, do King's College,
também envolvido no estudo, empregos nos quais as falhas
são mais visíveis, como o de um chefe de cozinha
de um restaurante, estão entre os que mais exigem do
indíviduo.
"No extremo oposto, pessoas que trabalham em casa cuidando
de duas ou três crianças têm uma vida mais
previsível", disse Moffitt.
Comentando o estudo, o especialista em psicologia e saúde
Cary Cooper, da University of Lancaster, na Inglaterra, disse
que empregos estão se tornando cada vez mais estressantes.
"Temos de fazer as pessoas trabalharem com mais flexibilidade,
tirando vantagem da tecnologia em vez de deixá-las
no escritório por longas horas".
"Também temos de fazer o gerente se comportar
de um jeito diferente, gerenciar pelo elogio e recompensa
ao invés da punição e entender que as
pessoas precisam sentir que têm controle sobre seu trabalho".
da BBC Brasil
publicado na Folha de S.Paulo.
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