Estudo
mostra que mulheres em SP começam a se tratar antes
Um estudo realizado pelo Hospital A.C. Camargo (antigo Hospital
do Câncer), de São Paulo, mostra que as mulheres
com câncer de mama estão descobrindo cada vez
mais cedo que têm a doença e, por isso, iniciando
o tratamento quando a cura ainda é possível.
O hospital analisou os prontuários médicos
de todas as quase 15 mil pacientes com tumor de mama que procuraram
a instituição desde sua fundação,
em 1953. Daquele ano a 2004, apenas 30% tinham tumores em
estágios iniciais. De 2000 a 2004, o índice
aumentou para 76%. No Brasil, mais de 40 mil mulheres descobrem
a cada ano que têm a doença.
De todos os cânceres, o de mama é o que mais
mata as mulheres no Brasil. No ano passado, 10,4 mil morreram
no País. Quando descoberta e tratada em fases iniciais,
a doença é curável. Atualmente, com o
diagnóstico precoce, perto de 80% das mulheres tratadas
no Hospital A.C. Camargo conseguem se curar (sobreviver pelo
menos cinco anos).
“Aos poucos, o câncer está sendo desmistificado”,
diz o médico Carlos Jorge Lofti, superintendente de
operações do A.C. Camargo. “O problema
é que muitas mulheres ainda têm medo de avançar
nesse tema porque o seio está associado à feminilidade,
à sexualidade. Por isso, ficam esperando. As chances
de cura são diminuídas.”
Entre os motivos para a detecção precoce estão
as campanhas educativas. Tem sido amplamente divulgada a importância
do auto-exame e das mamografias regulares a partir dos 40
anos. “Esse fenômeno já aconteceu com o
câncer de colo de útero, que até poucos
anos atrás era o mais freqüente entre as mulheres.
Virou uma prática comum a mulher procurar o ginecologista
para fazer o exame de papanicolau. A incidência da doença
caiu”, compara Ricardo Tardelli, diretor de Saúde
da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo.
O próximo passo é reduzir o número de
mortes por causa da doença, ainda crescente no País.
Em 1996, 7.163 mulheres morreram. Dez anos depois, foram 10.416.
“Só é possível reduzir a mortalidade
com diagnóstico precoce e tratamento adequado”,
diz Cláudio Noronha, um dos coordenadores do Instituto
Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde.
O tratamento pode se limitar à retirada cirúrgica
do tumor. Nos casos mais avançados, é necessário
ainda que a paciente se submeta à quimioterapia, à
radioterapia e até mesmo à retirada total da
mama. O seio pode ser reconstruído por cirurgia plástica.
Ricardo Westin
O Estado de S.Paulo
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