Resultados
do programa de inclusão da USP (Inclusp) mostram que
o desempenho acadêmico dos estudantes que vieram de
escolas públicas, depois de aprovados para a graduação,
é igual ou superior ao do restante na instituição.
Alunos que receberam em 2007 o bônus do Inclusp se saíram
melhor em 54 dos 118 cursos da universidade. Em outros 8,
as notas foram iguais.
Isso ocorreu em cursos tradicionais como Medicina, em que
os 28 estudantes que vieram de escolas públicas tiveram
média 7,2, idêntica à obtida pelos outros
147. Já no câmpus de São Carlos, todos
os cursos registraram resultados melhores para os alunos do
Inclusp. Um exemplo foi a Engenharia Civil, em que as médias
ficaram em 6,5 (Inclusp) e 6,1.
Segundo a pró-reitora da USP, Selma Garrido Pimenta,
esse desempenho foi determinante para a criação
dos novos bônus. “Isso acaba com o medo de que
estudantes da rede pública reduzissem o nível
da USP”, completa o diretor do Cursinho da Poli, Gilberto
Alvarez. Outros programas de inclusão de universidades
federais e da Unicamp mostram resultados semelhantes. “O
esforço desse aluno é maior, ele percebe que
é a sua grande chance”, diz a educadora da Unicamp,
Maria Marcia Sigrist.
Renata Cafardo
O Estado de S.Paulo
USP aumenta bônus para estudantes de escolas públicas
Com a mudança, estudantes poderão ter acréscimo
de até 12% nas notas em cada uma das fases do vestibular
da Fuvest
O programa da universidade, chamado de Inclusp, visa
aumentar a presença dos estudantes das escolas públicas
na instituição
Sem atingir a expectativa inicial de aumento na aprovação
de estudantes de escola pública em seu vestibular,
a USP decidiu ampliar seu programa de bonificação
a alunos dessa rede no próximo exame.
Com a mudança, os estudantes do sistema público
poderão ter acréscimo de até 12% em cada
uma das duas fases do vestibular. Hoje, a bonificação
é de 3%, também nas duas fases.
Lançado há dois anos, o programa da universidade,
chamado de Inclusp, visa aumentar a presença dos estudantes
das escolas públicas na instituição.
Eles representam 85% das matrículas no Estado, mas
são perto de 25% dos aprovados no vestibular da universidade.
Para se chegar aos 12% de bônus, haverá três
tipos de benefício. O primeiro são os 3% já
anunciados, que serão mantidos. O segundo será
por meio de uma prova específica para a rede pública,
a ser aplicada até outubro (inicialmente, apenas ao
3º ano do ensino médio).
Esse exame, chamado de avaliação seriada, poderá
render outros 3% para o aluno, caso ele acerte todo o exame
-a bonificação será proporcional ao desempenho.
A prova será desenvolvida pela USP e custeada pela
Secretaria da Educação.
A intenção é que o exame cubra apenas
o conteúdo dos parâmetros curriculares nacionais.
O vestibular da Fuvest chega a exigir conhecimentos além
desses parâmetros, sob a argumentação
de que é necessário selecionar os melhores entre
uma concorrência muito grande pelas vagas.
Outro tipo de bonificação virá por meio
da nota no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). A
nota na prova do governo federal poderá render um acréscimo
de até 6% no vestibular -a bonificação
também será proporcional ao rendimento do estudante
na prova.
Percentual
Segundo a universidade, 26,3% dos aprovados no vestibular
para ingresso neste ano estudaram em escola pública.
Antes do bônus, eram 24,7%.
No lançamento do Inclusp, a reitora Suely Vilela anunciou
que a projeção era que a proporção
de estudantes da rede pública aprovados chegasse a
30% -o que ainda não ocorreu.
Pela simulação da USP, caso não houvesse
a bonificação, o percentual teria diminuído
no período, pois têm caído as inscrições
desses estudantes no vestibular (fato motivado, segundo a
USP, pela maior oferta de vagas em instituições
públicas e pelo ProUni).
"Os dados mostram a importância do programa. Aliado
ao bom desempenho dos estudantes beneficiados nos cursos,
sentimos segurança em ampliar a bonificação",
disse a pró-reitora de graduação da USP,
Selma Garrido Pimenta.
"A queda nas inscrições prejudicou. Desta
vez, preferimos não divulgar uma meta. Mas temos certeza
de que a proporção de aprovados vai aumentar.
A avaliação seriada deverá aproximar
a USP da escola pública", afirmou Pimenta.
"Os resultados, até o momento, são insuficientes.
Praticamente não houve inclusão", disse
a promotora Érika Pucci da Costa Leal, do grupo de
inclusão social do Ministério Público
Estadual, que investiga a eficácia do programa da USP.
Leal afirma que ainda não teve acesso às mudanças
anunciadas pela universidade.
O coordenador-executivo do vestibular da Unicamp, Leandro
Tessler, afirma que as alterações deverão
surtir efeito positivo. "Com mais incentivo, a tendência
é que mais estudantes da escola pública prestem
o exame, o que deve ter impacto no resultado final."
Fábio Takahashi
Folha de S.Paulo
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