Marina
Rosenfeld
Karina Costa
especial para o GD
O freqüente uso de “cola de sapateiro” como
droga, por 20% dos jovens em situação de risco,
levou a fabricante Henkel a mudar toda a sua linha de produtos.
Sem o uso do solvente toluol, substância que pode causar
dependência química, a empresa pretende dar o
primeiro passo para reduzir o número de jovens que
têm acesso a esse tipo de produto. Fora os números
oficiais, a quantidade de dependentes pode chegar, segundo
especialistas na área, a pelo menos 40% dos jovens
no Brasil.
De acordo com estudos, um usuário de drogas lícitas
(álcool, tabaco e solventes inalantes) corre 65 vezes
mais risco de se tornar usuário de maconha. Essa mesma
pessoa tem quase o dobro de probabilidade de vir a utilizar
cocaína.
A “cola de sapateiro” e outros inalantes que
utilizam o mesmo tipo de solvente são as primeiras
drogas experimentadas por crianças e adolescentes,
de todas as classes sociais. Além de provocar dependência
química, essas substâncias podem causar depressão,
alucinações, apatia, falta de concentração,
déficit de memória e lesões no fígado
e coração.
“Quando inalado, o toluol pode afetar as células
cerebrais, causando lesões que podem ser irreversíveis,
provocando doenças gravíssimas como lesões
na medula óssea e leucemia”, explica o médico
toxicologista Anthony Wong, do Instituto da Criança
do Hospital das Clínicas, em São Paulo.
Essa é a primeira vez que a empresa incorpora a tecnologia
no Brasil, mas em países em que já substituiu
o toluol, como Chile, México e Europa, o resultado
foi bastante significativo. Dados do Ministério da
Saúde do Chile mostram que em 1999, o uso de solventes
químicos como droga inalante representava 7% das drogas
lícitas. O último levantamento, em 2004, registrou
uma incidência de apenas 0,15%. Segundo a empresa, a
retirada do toluol do mercado ajuda, de uma certa forma, a
reduzir o número de dependentes.
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