A
oferta de cursos tecnológicos no país passou
por um boom nos últimos anos. O crescimento de 1994
a 2004, segundo o Ministério da Educação,
alcançou os vultosos 591,19%. Já o conjunto
dos cursos superiores aumentou 234% no mesmo período.
E a expansão da oferta tende a continuar.
De acordo com os dados de cadastro de 2006 do MEC, o crescimento
de 2004 até hoje foi de 96,67% (o número de
cursos passou de 1.804 para 3.548). Esse tipo de graduação
mais curta e voltada para a prática, cada vez mais,
se firma como uma opção dos estudantes.
É o caso de Thiago Alexandre Alves Assumpção,
21, que cursa materiais, processos e componentes eletrônicos
na Fatec. "Pensei em prestar engenharia da computação
e física. Mas vi no currículo do curso que tinha
muito do que eu queria estudar. Principalmente na parte de
hardware dos computadores", conta. Hoje, ele já
faz planos para o fim do curso. "Pretendo fazer um mestrado
na USP."
No Estado de São Paulo, a própria Fatec passou
por um aumento expressivo. De 1996 até 2001, as Fatecs
ofereciam 1.570 vagas, em 16 cursos de nove unidades. Atualmente,
são 3.780 vagas distribuídas em 29 cursos de
26 unidades.
"Precisava haver esse crescimento, porque o Brasil tinha
um número de tecnólogos muito aquém do
que é apresentado fora", diz o assessor de educação
superior do Centro Paula Souza, João Mongelli Netto.
Algumas dúvidas em relação ao tecnológico
ainda permanecem. A principal está relacionada com
o nome do curso. "Tem gente que ainda confunde curso
tecnológico com técnico", diz Mongelli
Netto.
A indecisão de Denis Kenzo Caneshiro, 19, é
um pouco diferente. Ele vai ter de decidir entre duas paixões:
bacharelado em biologia ou tecnológico em gastronomia.
"Desde criança gosto do mar, dos peixes. E agora
tenho amigos que fazem gastronomia. Até trabalhei como
sushiman e gostei bastante."
E o mercado?
De acordo com o reitor do Centro Universitário
Senac, Rogério Massaro Suriani, as graduações
tecnológicas são destinadas a quem quer ir para
o mercado mais rapidamente. "Os tecnólogos ocupam
as chefias e as gerências operacionais, e a inserção
no mercado tem sido de até 70%", explica.
E, segundo o último levantamento do Centro Paula Souza,
realizado em 2005, 95% dos alunos que concluíram a
Fatec em 2002 e em 2003 estavam empregados.
"O mercado de trabalho tem boa receptividade. Mas os
conselhos profissionais ainda estabelecem restrições",
afirma Décio Moreira, presidente do Sindicato dos Tecnólogos.
Um exemplo é o tecnólogo de edifícios,
que não pode assinar projetos como os engenheiros.
"Consegui uma liminar para garantir esse direito",
diz.
Uma medida para reafirmar a identidade do tecnólogo
foi a criação de um catálogo de cursos
pelo MEC. Agora, nomes criativos demais, que restringiam a
habilitação ou expandiam muito, foram eliminados.
"Mas esse catálogo não vai ser estático,
porque as tecnologias mudam", afirma a coordenadora-geral
de avaliação da educação profissional
e tecnológica do MEC, Andréa de Faria Barros
Andrade.
Simone Harnik
Folha de S.Paulo
MEC
tenta organizar curso tecnológico
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