Os
dois adolescentes, alunos de uma escola tradicional
de Ribeirão Preto (SP), terão de prestar serviços
comunitários
Menina ainda acusou a dupla de ter espalhado essa e outras
ofensas contra ela na internet; após ir à polícia,
garota mudou de escola
Dois adolescentes de classe média,
de 15 e 16 anos, terão de prestar serviços comunitários
por seis meses. Motivo: eles são acusados de terem
apelidado de bode e xingado uma colega de classe de uma escola
tradicional de Ribeirão Preto. Eles são, ainda,
acusados de divulgar os xingamentos na internet.
Os garotos negaram terem xingado e usado a internet como canal,
segundo a Promotoria da Infância e Juventude. A mãe
de um deles disse à Folha que seu filho admitiu ter
sido o autor do apelido, mas que toda a classe xingava a menina.
Após ir à polícia, a vítima preferiu
sair do Colégio Metodista.
A decisão de aplicar a prestação de serviços
foi do juiz da Infância e Juventude, Paulo César
Gentile, na última terça-feira, em audiência
com os acusados e seus pais. O juiz concedeu remissão
judicial, um "perdão" para evitar que o processo
por injúria prosseguisse. A prática de constranger
colegas por xingamentos ou violência física é
conhecida pelo nome de "bullying".
A vítima, uma garota de 15 anos, disse à Promotoria
que os xingamentos começaram há três anos.
Um dos garotos colocou-lhe o apelido de bode, mas ela afirmou
que os xingamentos iam além: "fedida", "retardada",
"idiota", "monga" e "esterco".
Ao promotor de Justiça Naul Felca, a estudante afirmou
que, "além de a rotularem de bode, passaram a
fazer barulhos com a boca, simulando berros do animal nas
aulas". No início do ano, a vítima reclamou
ao pai que continuava a ser ofendida. Ele foi à escola
e registrou um BO por injúria.
A mãe de um dos garotos contou à Folha uma versão
diferente. Alega que o pai, quando foi à escola, deu
um tapa na cabeça de seu filho. A escola não
confirmou a agressão.
No processo, o promotor anexou páginas do Orkut, em
que frases ofensivas à vítima são atribuídas
aos garotos. "Mais grave foi a publicidade dada, porque
transpôs os limites da escola para um lugar que não
tem fronteiras", disse.
Outro lado
O Colégio Metodista disse, em nota, que o episódio
"foi acompanhado e resolvido pela coordenação
e direção pedagógica da escola e com
os pais", mas que ainda assim a garota quis mudar de
escola.
A mãe do menino de 15 anos disse que aceitou o acordo
na Justiça "para que a história tivesse
fim", e achou um exagero que a situação
tenha terminado em uma audiência. "Não vou
dar razão para o meu filho, ele errou, mas apelido
é uma coisa normal, é só levar na brincadeira."
Juliana Coissi
Folha de S. Paulo
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