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Tais indicadores variam bastante de acordo com o Estado. Os
homens gaúchos, por exemplo, são os que mais
ajudam as mulheres nos afazeres domésticos, com 71,7%
declarando fazer esses serviços. O tempo que eles gastavam
com esses afazeres, no entanto, não era muito: 8,6
horas, enquanto as gaúchas trabalhavam em casa, em
média, 20,9 horas semanais.
No outro extremo está Alagoas, onde apenas 28,4% dos
homens ajudam as mulheres com os afazeres domésticos.
O tempo dedicado pelos homens alagoanos a esses afazeres,
no entanto, era maior do que o dos gaúchos: 10,3 horas
semanais.
Para o psicólogo social Bernardo Jablonski, professor
da PUC-Rio e autor do livro "Até que a Vida nos
Separe - A Crise do Casamento Contemporâneo", as
mulheres conquistaram o direito de trabalhar fora. A participação
masculina nos afazeres domésticos, no entanto, nunca
foi um pleito dos homens, o que faz com que a divisão
das tarefas fique injusta. Na maioria das vezes, quando o
homem faz alguma tarefa, Jablonski afirma que ele tende a
encarar isso como uma "ajuda".
Para o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, a intensa
urbanização brasileira das últimas décadas
está por trás dessa e de outras mudanças
na estrutura social do país.
Modelo "pai, mãe
e filhos" perde espaço
De 95
a 2005, perfil tradicional de família diminui de 57,6%
para 50% do total; cresce proporção de casais
sem filhos e mães solteiras
Maior expectativa de vida e emancipação
das mulheres são fatores que explicam essa mudança
no cenário do país apontada pelo IBGE
Pai, mãe e filhos. Esse modelo tradicional de família
perde, a cada ano, espaço para novas formas de arranjos
familiares. No ano passado, essas famílias passaram
a representar 50% do total. Em 1995, eram 57,6%. Isso significa
que, pela primeira vez, esse modelo, apesar de continuar sendo
o mais comum, já divide o mesmo espaço dos outros
tipos de famílias, que, somadas, representam também
50% do total.
Cresceram, nos últimos dez anos, as famílias
com um único morador (10,4% do total), os casais sem
filhos (15,2%), as mulheres solteiras com filhos (18,3%) e
outras formas de arranjos (6,3%).
Esse avanço tem a ver com o aumento da expectativa
de vida e com a emancipação feminina.
No caso dos idosos, como os brasileiros estão vivendo
mais, aumenta o número deles morando sozinhos ou com
o cônjuge sem filhos. No caso das mulheres, elas estão
aumentando sua presença no mercado de trabalho (portanto
ficando mais independentes financeiramente) e adiando o projeto
de ter filhos, o que faz, também, com que a fecundidade
caia.
A emancipação feminina ajuda a explicar por
que, de 1995 a 2005, foi de 20,2% para 28,5% o percentual
de mulheres entre o total de chefes de família.
Esse aumento aconteceu mesmo em famílias onde havia
cônjuge. Em 1995, do total de mulheres chefes de família,
3,5% viviam com seus maridos. No ano passado, esse percentual
aumentou para 18,6%.
Entre as regiões metropolitanas, as mulheres chefiavam
proporcionalmente mais lares em Salvador, 42%. O índice
é alto também em Belém (40,9%). Em Curitiba,
estava em 30,3%.
Esse movimento a favor das mulheres, no entanto, não
as livrou de ficarem sobrecarregadas com os afazeres domésticos.
No ano passado, 92% das mulheres, além de trabalhar,
realizavam afazeres domésticos em casa. Entre os homens,
esse percentual era de 51,6%.
Essa sobrecarga da dupla jornada de trabalho é verificada
também quando se analisa as horas dedicadas às
tarefas domésticas. Para mulheres, foram em média
21,8 horas por semana. Para homens, 9,1 horas.
Antônio Gois
Folha de S.Paulo.
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