Grupo
cria novo tipo de loja, com serviços como consultas
médicas
O Wal-Mart, o terceiro maior varejista
do setor de supermercados no Brasil, vai desembolsar R$ 30
milhões neste ano para abrir cinco lojas num novo formato.
A intenção é conquistar a fidelidade
do consumidor de baixa renda, com a oferta de serviços
básicos, como consultas médicas e cursos profissionalizantes,
por exemplo, a preços populares. A companhia quer escapar
do modelo tradicional dos concorrentes de criar vínculos
com o consumidor das classes D e E apenas oferecendo um cartão
que permite acesso facilitado ao crédito.
Ontem, a empresa inaugurou em Salvador (BA), no bairro de
Pernambués, a primeira loja nesse formato. Batizada
de "Loja da Comunidade", ela foi instalada numa
área vizinha da loja Todo Dia, a bandeira de supermercado
popular do Wal-Mart. Até o fim do ano, serão
abertas mais quatro lojas nesse formato: três na Bahia
e uma em Pernambuco, sempre acopladas à rede Todo Dia
ou à bandeira Maxxi, que é o atacadista da rede.
"Trata-se de um modelo pioneiro de loja que vem sendo
idealizado há cerca de um ano", disse o presidente
do Wal-Mart no Brasil, Héctor Núñez.
Ele conta que, durante pesquisas realizadas pela empresa para
conhecer o perfil dos clientes de baixa renda, detectou-se
uma gama enorme de carências dessa população.
Diante dessas deficiências, a decisão da companhia
foi transformar essas deficiências numa oportunidade
de negócio.
Núñez frisa que não se trata de uma
estratégia assistencialista. Todos os serviços
oferecidos na Loja da Comunidade serão pagos pelo cliente,
mas a preços populares. Na loja inaugurada ontem em
Salvador, o uso da internet, por exemplo, custa R$ 1 por hora.
As mensalidades dos cursos profissionalizantes, como o de
office boy, variam entre R$ 12 e R$ 28 .
Carlos Fernandes, vice-presidente da divisão de Especialidades
da companhia, diz que esse modelo de loja foi viabilizado,
por exemplo, com aluguel simbólico do espaço.
Isso permite ao inquilino cobrar menos do que a média
do mercado pelos serviços oferecidos.
Nesse primeiro momento, a intenção da companhia
é testar o modelo e avaliar em quanto ele poderá
ampliar o fluxo de pessoas nas lojas e, conseqüentemente,
o faturamento. Núñez acredita numa ampliação
de até 50% no número de pessoas nas lojas.
Na análise do consultor de Varejo da Mixxer Desenvolvimento
Empresarial, Eugênio Foganholo, o projeto é muito
oportuno. "Toda a loja que consegue prover o cliente
de produtos e serviços cria um fluxo maior de pessoas
e amplia as vendas." Ele diz que o segredo desse modelo
é colocar à disposição os serviços
que realmente são necessários ao consumidor.
Márcia De Chiara
O Estado de S.Paulo
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