Para
Michael Stahl, técnico de uma fábrica de telefones
sem fio na cidade de Bocholt, na Alemanha, o verão
costuma ser uma estação de descanso, marcada
por longos finais de tarde passados em seu jardim e por férias
ainda mais compridas. Sua escolha mais difícil é
decidir para onde levar a mulher e seus três filhos
em sua viagem anual de férias.
Há duas semanas, porém, Stahl levou um susto:
seu sindicato assinou um contrato coletivo com sua empresa,
a Siemens, ampliando a semana de trabalho na fábrica
de Bocholt de 35 para 40 horas semanais. Os salários
semanais permanecem iguais. O novo contrato também
acaba com os abonos anuais para ajudar nas despesas com o
Natal e as férias.
Como milhões de compatriotas, se esforça para
encarar a nova e dura realidade na economia globalizada: os
alemães estão tendo que aumentar sua carga de
trabalho. E não são apenas os alemães.
Os franceses, que em 2000 reduziram sua carga horária
de trabalho semanal para 35 horas, na esperança de
gerar mais empregos, agora falam em ampliá-la outra
vez, temendo que o horário menor esteja prejudicando
a economia. No Reino Unido, segundo um estudo de 2002, mais
de um quinto da força de trabalho trabalha mais do
que o limite aceito na União Européia, 48 horas
por semana.
A longa sesta européia parece ter finalmente chegado
ao limite -vítima da estagnação econômica
crônica, da deterioração das finanças
públicas e da concorrência dos países
da Ásia e da União Européia ampliada
nos quais os salários são mais baixos. O mais
importante, entretanto, é que muitos europeus hoje
pensam que o horário de trabalho menor, antes visto
como maneira de garantir trabalho a mais pessoas, não
ajudou a reduzir o desemprego.
"Enquanto os EUA criaram uma sociedade do trabalho,
nós criamos uma sociedade do lazer", disse Klaus
F. Zimmermann, presidente do Instituto Alemão de Pesquisas
Econômicas. "Mas nosso modelo não funciona
mais."
As informações são
do jornal "New York Times".
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