A empresa
de capital alemão Bosch e a italiana Magneti Marelli,
principais envolvidas na disputa pela paternidade do bicombustível,
entram em mais uma polêmica, agora envolvendo a nova
geração de motores tri ou tetracombustível.
Nessa empreitada a Bosch saiu na frente com a apresentação,
em agosto, pela General Motors, do Astra multicombustível,
que roda com gás natural (GNV), álcool ou gasolina.
O Astra é um bicombustível com tecnologia Bosch
que recebeu sistema e cilindro para funcionar também
com gás. A adaptação foi feita pela Rodagás,
empresa que já prestava serviços de transformação
para a GM. A montadora deve entregar nos próximos dias
os primeiros 150 veículos encomendados com o sistema
multicombustível.
"Nosso motor terá um software único para
gerenciar o uso dos combustíveis e a parte do gás
não será independente", contrapõe
Fernando Damasceno, gerente de programas da Marelli. Segundo
ele, o custo do sistema será praticamente a metade
do que é hoje.
A Marelli define seu novo motor como tetracombustível,
pois aceitará, sem necessidade de calibração,
a gasolina pura (ou nafta) usada em países do Mercosul.
Outra mudança, diz Damasceno, é que o cilindro
do gás, que hoje ocupa grande espaço do porta-malas,
vai para outra parte do carro, provavelmente embaixo dos bancos.
A tecnologia tetra da Marelli estará disponível
no mercado no segundo semestre de 2005. A estréia provavelmente
será em modelos da Fiat, que pertence ao mesmo grupo
controlador da Marelli.
Jogada
Até agora, a Marelli investiu R$ 6 milhões
no projeto de desenvolvimento do motor tetracombustível
e mais R$ 3 milhões estão previstos para os
próximos meses. A soma vai se igualar ao que foi aplicado
no desenvolvimento do bicombustível.
Sidney Barbosa de Oliveira, que hoje trabalha na Bosch da
Alemanha, diz que a denominação tetracombustível
é uma jogada de marketing, pois seus modelos tricombustíveis
também podem rodar com a gasolina pura, que já
está incluída no pacote. Para alguns técnicos,
entretanto, a calibração é diferente,
e cada carro que é exportado para os países
do Mercosul precisam de pequenas adaptações.
Com o software apropriado, Damasceno afirma que a Marelli
vai popularizar também os carros tetracombustíveis,
embora o interesse maior de uso do gás natural seja
de frotistas e taxistas, que rodam muitos quilômetros
por dia.
O sistema eletrônico de controle da injeção
de motores mede a proporção entre os combustíveis
e faz a adequação à mistura escolhida.
A mesma tecnologia será adaptada ao uso do gás
e de outros combustíveis.
Já o sensor, que faz o mesmo serviço mas a
um custo maior, embora tenha sido descartado até mesmo
pela Bosch, tende a ser usado no futuro. "É o
melhor sistema e com certeza vai voltar futuramente, a preços
mais acessíveis", diz o engenheiro de Desenvolvimento
da Bosch, Carlos Koster.
CLEIDE SILVA
do jornal O Estado de S. Paulo |