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Nos quatro
primeiros dias deste mês, quatro regiões de São
Paulo já apresentaram índices de poluição
superiores aos piores níveis registrados em julho do
ano passado.
Para especialistas, a qualidade do ar piorou por dois fatores:
as condições climáticas -massa de ar
seco sobre a cidade e falta de vento- e o aumento do número
de carros em circulação em relação
a 2006, por causa da suspensão do rodízio.
A comparação foi feita pela Folha com três
indicadores -partículas inaláveis, dióxido
de nitrogênio e ozônio- medidos pela Cetesb em
11 estações.
Em quatro delas, os níveis já bateram os maiores
registrados em julho de 2006: Santana (zona norte), Cerqueira
César (centro), Pinheiros (zona oeste) e Nossa Senhora
do Ó (zona norte). Em outras, estão próximos
disso (veja quadro acima).
Em São Paulo, a qualidade do ar tem sido considerada
regular em todas as estações, mas em pelo menos
seis os índices estão próximos de um
nível tido como inadequado. Ontem, em Taboão
da Serra (região metropolitana de São Paulo),
a qualidade já foi considerado inadequada. A previsão
da Cetesb é que a situação meteorológica
desfavorável à dispersão dos poluentes
se repita hoje.
Arnaldo Alves Cardoso, professor do Departamento de Química
da Unesp de Araraquara, disse que quanto mais carros nas ruas,
maior o nível de poluição. "Como
a gente não consegue controlar o tempo, a meteorologia,
é preciso controlar os veículos."
A Secretaria dos Transportes informou que analisa todos os
dados sobre o trânsito, inclusive a qualidade do ar,
e uma posição sobre a continuidade ou não
do rodízio será dada nos próximos dias.
Sem rodízio, SP tem 2º
pior trânsito do ano
Congestionamento ocorreu no terceiro dia sem restrição
à circulação de automóveis; às
19h, havia 188 km de lentidão
Acidentes e um caminhão quebrado ajudaram a piorar
o trânsito na cidade; marginal chegou a ficar interditada
por quatro horas
O congestionamento em São Paulo
foi o segundo pior do ano ontem, no terceiro dia da suspensão
do rodízio durante o período de férias
escolares.
Às 19h, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego)
mediu 188 km de lentidão na cidade. Às 18h57,
o sistema chegou a marcar 198 km de congestionamento, o que
seria o maior do ano. A medição é feita
minuto a minuto, mas só é possível fazer
comparações com índices de "hora
cheia" e "meia hora".
O tombamento de um caminhão de lixo reciclável
na marginal Tietê às 4h30 -a pista expressa ficou
interditada por mais de quatro horas- prejudicou muito o trânsito
no período da manhã. À tarde, uma carreta
quebrou na avenida dos Bandeirantes e um acidente envolveu
três carros na marginal.
Essas ocorrências ajudam a explicar os altos índices
de lentidão registrados durante todo o dia. O analista
de sistemas Renato Marinheiro contou ter demorado duas horas
e meia para atravessar 14 km na rodovia dos Bandeirantes,
no acesso a São Paulo, pela manhã.
O radialista Elias Machado Angico disse ter sido obrigado
por agentes de trânsito a pegar a rodovia dos Bandeirantes
rumo ao interior. Pagou pedágio próximo a Jundiaí
para voltar a São Paulo. Segundo ele, seu trajeto diário
de Perus à Barra Funda dura meia hora. Ontem, foram
mais de três horas. "Rodei quase 20 km e paguei
pedágio para voltar e pegar o fim do congestionamento,
sendo que poderia ter entrado na Bandeirantes no acesso do
Rodoanel."
Às 9h30, a lentidão era de 122 km, 369% maior
que a média para o horário, de 26 km. Já
o índice de 188 km, o maior do dia, é 129% superior
à média das 19h, de 82 km.
A média é calculada com base nos registros no
mesmo horário e no dia da semana e mês do ano
anterior. No exemplo, 82 km são a média das
lentidões registradas às 19h das quartas-feiras
de julho de 2006.
Nesta semana, o congestionamento em São Paulo só
foi menor do que a média para o horário entre
11h e 17h de segunda-feira. Nos outros horários, o
índice foi sempre bastante superior à média.
O prefeito Gilberto Kassab (DEM) já afirmou que cogita
manter a suspensão do rodízio até o fim
do mês. Para isso, usou como base os índices
de lentidão de segunda-feira, que, segundo ele, foram
semelhantes aos de junho, período em que não
há férias escolares.
A prefeitura afirma que também avalia a situação
da poluição para definir a suspensão.
Julho é considerado o pior mês para a qualidade
do ar, pois as condições meteorológicas
prejudicam a dispersão de poluentes.
Evandro Spinelli
Folha de S.Paulo
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