Proposta
será encaminhada ao governo e à Prefeitura;
pedágio urbano também
é opção
A tendência de aumento da poluição do
ar da cidade de São Paulo e da região metropolitana,
por causa do crescimento exagerado da frota de veículos,
já faz a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
(Cetesb) cogitar a volta do rodízio estadual, experiência
que durou de maio a setembro de 1997 e 1998. Nas duas ocasiões,
de acordo com o final de placa os veículos ficavam
proibidos de circular uma vez por semana, das 7 horas às
20 horas, na capital e em mais dez cidades da Grande São
Paulo.
O presidente da Cetesb, Fernando Rei,
disse ontem que a volta do rodízio estadual pode ser
uma das alternativas para brecar a poluição
do ar, que apresentou queda contínua de 1997 (com a
adoção de catalisadores e injeção
eletrônica nos carros) a 2005, mas voltou a subir a
partir de 2006. O rodízio estadual sempre teve como
meta diminuir a poluição nos meses mais secos.
Já o municipal, em vigor desde 1997, visa diminuir
o trânsito.
“Consideramos a restrição”,
afirmou, acrescentando que essa e outras medidas para melhorar
a qualidade do ar devem ser propostas a autoridades municipais
e estaduais ainda neste ano. Não há definição
sobre o formato que um novo rodízio estadual teria,
nem sobre datas. Tudo ainda é estudo.
Relatório da Cetesb, apresentado ontem, mostra que
quantidades de ozônio e materiais particulados emitidos
por escapamentos tiveram aumento significativo no ar em 2007,
em relação a 2006, com a ressalva de que o ano
teve 50 dias desfavoráveis para a dispersão
dos poluentes. Já a quantidade de outros gases tóxicos,
como monóxido de carbono, está estável
desde 2005 - o que não significa melhora, pois havia
uma curva de queda que parou.
Ozônio
Segundo os dados, as concentrações de ozônio,
poluente que causa inversões térmicas e é
formado na atmosfera em reações químicas
dos gases emitidos pelos carros, ultrapassaram os níveis
aceitáveis 72 vezes na Grande São Paulo em 2007
- 56% a mais do que em 2006, quando haviam sido 46 ultrapassagens.
Já por causa da presença
de material particulado, exalado pelos veículos,* a
qualidade do ar ultrapassou o mínimo aceitável
quatro vezes no ano passado, frente a duas em 2006. Rei disse
que, além do rodízio, outras alternativas consideradas
são a adoção de pedágios urbanos
e investimentos em transporte coletivo.
“Isso é necessário,
não podemos mais ser escravos do carro. Ele não
pode ser mais visto como símbolo de status e a sociedade
precisa reorganizar sua agenda e sua forma de deslocamento”,
afirmou.
O presidente da Cetesb acrescentou que o Estado “precisa
agir” para “evitar que o indivíduo use
o carro como lhe convém”. “Vemos carros
tipo sedan, de 4, 5 lugares, usados por uma só pessoa”.
O presidente da Cetesb considera que
medidas adotadas nos últimos anos, como a tecnologia
da indústria automotiva que criou carros menos poluentes,
já correm risco de serem perdidas, tal a quantidade
de veículos em circulação. “Foram
ganhos pequenos, que podem ficar insuficientes por causa do
aumento da frota”, disse. “Essa situação
que temos em São Paulo, de 1 automóvel para
cada 1,4 habitante é insustentável.”
Na região metropolitana, circulam
8,5 milhões de veículos. Na semana passada,
o Estado mostrou que 48.571 veículos foram emplacados
em março pelo Detran apenas na capital, mês que
bateu o recorde histórico de aumento da frota: foram
1.566 por dia.
Carlos Eduardo Komatsu, gerente de
Tecnologia do Ar da Cetesb, afirmou que a situação
já está chegando “no limite”. “É
uma bola de neve: com mais veículos em circulação,
há mais trânsito e mais poluentes jogados no
ar”, disse.
Água
A Cetesb também apresentou ontem os relatórios
de qualidade das águas (rios e praias) e sobre as emergências
com produtos químicos que atendeu em 2007.
O destaque foi para a melhora na qualidade
das águas do Rio Tietê, principalmente no trecho
da capital, entre São Miguel Paulista e a Ponte dos
Remédios. A concentração de poluentes
caiu pela metade entre 2006 e 2007. Já 47% das praias
da Baixada Santista apresentaram melhora na qualidade da água.
Qualidade do ar
72 foram
as vezes em que a alta concentração de ozônio
na Grande SP fez com
que a qualidade do ar ficasse má ou inadequada
56% foi o aumento
de dias em que a concentração de ozônio
superou o máximo recomendado, em 2007, em relação
ao ano anterior, na Região Metropolitana de SP
8,5 milhões de veículos
É a frota registrada na
Capital e Grande São Paulo. Na Cidade de São
Paulo, a proporção aproximada é de 1
carro para cada 1,4 habitante
Daniel Gonzales
O Estado de S.Paulo
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