Titular
da Secretaria de Estado da Educação, Maria Helena
Guimarães de Castro assumirá o cargo hoje em
São Paulo
Hoje, o governo paga bônus
aos docentes, mas considera fatores como assiduidade; ou seja,
não leva em conta quanto os alunos aprenderam
O professor que melhorar o desempenho
dos estudantes e faltar pouco às aulas ganhará
mais. Essa é uma das propostas da nova secretária
da Educação do governador José Serra
(PSDB-SP), Maria Helena Guimarães de Castro.
Socióloga e secretária-executiva do MEC na gestão
FHC, Maria Helena, 60, assumirá o cargo hoje, em substituição
a Maria Lúcia Vasconcelos, que alegou motivos pessoais
para pedir a sua saída do posto. A nova secretária
defende que os docentes devem receber um dinheiro extra segundo
o desempenho de suas turmas em exames de verificação
de aprendizagem dos alunos, como Saeb, Prova Brasil (ambos
federais) e Saresp (estadual).
Atualmente, o governo paga bônus para os docentes, mas
considera apenas fatores como assiduidade. Ou seja, não
influencia o quanto os seus estudantes aprenderam. Leia os
principais trechos da entrevista feita ontem, por telefone,
com Maria Helena, que deixou neste mês o cargo de secretária
de Educação do Distrito Federal -gestão
José Roberto Arruda (DEM). Na conversa, ela elogiou
o projeto do governo Serra de colocar dois professores em
salas de alfabetização.
FOLHA - Qual será
sua prioridade?
MARIA HELENA GUIMARÃES DE CASTRO - Melhorar
a qualidade da educação. O Estado tem investido
muito, mas é preciso atrelar esse trabalho às
avaliações, de tal modo que as escolas comecem
a utilizar os resultados. São Paulo tem boas condições
de dar um salto de qualidade. Para isso, é preciso
olhar para o desempenho dos professores, com incentivo à
carreira. O governo já destina um grande montante para
salários diferenciados por desempenho. Esse é
um tema crucial.
FOLHA - Mas, atualmente, o
desempenho é basicamente medido pela freqüência
dos professores. A sra. pretende incluir outros fatores?
MARIA HELENA - Isso só não
basta, é preciso usar as avaliações.
Hoje dispomos de Saeb, Prova Brasil, Saresp, um conjunto de
indicadores que permitem construir um critério mais
consistente para valorizar o trabalho dos professores.
FOLHA - A sra. quer, então,
implantar premiação por desempenho?
MARIA HELENA - Creio que sim. Parece-me até
que há um projeto em discussão no governo para
criar incentivo de desempenho no funcionalismo em geral e
há alguma coisa específica para o setor da educação
[a assessoria do governador informou que o tema é analisado
pela Secretaria de Gestão Pública, ainda sem
conclusão].
FOLHA - Idéias como
essa costumam sofrer resistência da categoria?
MARIA HELENA - Não é caso de
resistência, mas, sim, de criar um canal de diálogo.
FOLHA - A sra. concorda com
a redução da duração dos ciclos
de quatro para dois anos?
MARIA HELENA - É uma boa proposta,
ajuda o professor a monitorar melhor o aluno.
FOLHA - Não aumentará
a reprovação, tida como um dos principais problemas
da educação?
MARIA HELENA - Espero que não. Dependerá
muito da nossa capacidade de criar condições
para que eles aprendam.
FOLHA - O que precisa mudar
na política educacional no Estado?
MARIA HELENA - Principalmente o uso dos resultados
da avaliações, que é uma coisa que não
está sendo muito enfatizada. E também a gestão
do sistema e da escola. A secretaria hoje é grande
demais, não tenho elementos ainda para saber como está
a supervisão do sistema. As diretorias de ensino têm
de estar muito alinhadas às políticas do Estado
para que possam cobrar os resultados na ponta.
Fábio Takahashi
Folha de S.Paulo.
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