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Sindicato
diz que ato, programado para as 11h, vai usar 200 caminhões
para congestionar principais corredores de SP
Nova lei veta circulação
de caminhões numa área de 100 km2 das 5h às
21h; CET espera melhorar fluidez dos carros em até
17%
A gestão Gilberto Kassab (DEM)
implanta hoje uma restrição mais severa aos
caminhões que circulam de dia em São Paulo -que
promete ser a principal aposta do prefeito contra a deterioração
do trânsito às vésperas das eleições.
A medida proíbe a circulação de boa parte
dos veículos pesados na maior parte do centro expandido
das 5h às 21h e deve começar com turbulências.
Além de muitos comerciantes e transportadores não
terem ainda programado alterações em suas entregas
devido à expectativa de um recuo de última hora
de Kassab, está previsto para hoje um protesto.
O Sindicato dos Condutores em Transportes Rodoviários
de Cargas Próprias de São Paulo diz que fará
uma manifestação a partir das 11h, ameaçando
usar 200 caminhões para congestionar algumas grandes
vias.
A entidade afirma que os veículos circularão
de forma lenta, em comboio, para prejudicar a fluidez. Segundo
o sindicato, um grupo sairá com seus veículos
da zona sul. Outro, da zona norte. Os caminhões devem
entrar na área sujeita à multa. "É
ditadura se nos multarem. Faremos um protesto por dia se precisar",
diz Almir Macedo, presidente da entidade.
O sindicato diz que a restrição aos caminhões
deverá provocar desemprego e desabastecimento na capital
paulista.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) prevê
a retirada de circulação de 85 mil dos 210 mil
caminhões no centro expandido logo nos primeiros dias
-e 100 mil a partir de agosto-, com melhoria da fluidez dos
carros entre 14% e 17%.
Uma parcela da redução dos congestionamentos
nos próximos dias, no entanto, deverá estar
ligada aos próprios veículos de passeio, por
conta das férias escolares do meio do ano.
A nova lei prevê que os caminhões não
possam circular numa área de 100 km2 das 5h às
21h. Há algumas exceções, estimadas em
até 10%, como coleta de lixo, transporte de valores
e serviço de mudanças.
Até a semana passada os caminhões de médio
e de grande porte já enfrentavam limitações
entre as 10h e as 20h numa área próxima de 25
km2.
Mas, além da ampliação do espaço
com restrição, incorporando bairros como Moema
e Perdizes, os VUC (Veículo urbano de Carga, com até
6,30 de comprimento), também serão atingidos
a partir de hoje.
Até 31 de julho, eles serão submetidos a um
revezamento (placa par só nos dias pares e placa ímpar
nos dias ímpares) -além das regras do rodízio
municipal de veículos.
Entre agosto e novembro, a proibição de circulação
diurna será para todos os VUC nas horas de pico, mas,
das 10h às 16h, eles podem seguir se revezando conforme
placa par e ímpar.
A partir de novembro, a proibição será
total, igualando a condição dos caminhões
pequenos à dos grandes e médios. O valor das
multas em um dia pode chegar a R$ 1.362,08 no caso dos VUC.
A CET, porém, não aumentará a quantidade
de agentes nas ruas para fiscalizar as medidas -além
dos cerca de 300 marronzinhos que já atuam na área
restrita, 200 agentes da zona azul multarão caminhões.
O setor de transporte de carga cogita uma guerra na Justiça
com a prefeitura contra as novas restrições
aos caminhões.
Manoel de Souza Lima Jr., vice-presidente do Setcesp (sindicato
das transportadoras), afirma que ainda prefere a negociação
"amigável", mas diz: "Temos tudo preparado
para uma ação judicial."
Reunidos há dez dias em um evento da entidade, cerca
de 500 empresários do setor debateram diversas alternativas.
Uma das propostas mais bem recebidas foi a de cada empresário
ou sindicato, a partir dos prejuízos que tiver, solicitar
à Justiça, por meio de uma série de mandados
de segurança, a liberação das restrições.
Alencar Izidoro
Ricardo Sangiovanni
Folha de S.Paulo
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