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Claudio
Carneiro participa do 2º Festival Palhaçada Geral,
que começa hoje
Ator apresenta no festival o número
solo "Ne Me Quitte Pas", celebrizado no circo estrangeiro;
evento ainda homenageia palhaço Biriba
Com goma no cabelo, ele apóia
o braço esquerdo num pedestal dourado do palco. O holofote
ilumina o rosto, que ele vira aos poucos para o público,
com ares de quem sofre por amor. Então, ergue o microfone
e dispara "Ne me quitte pas/ il faut oublier [Não
me deixe/ É preciso esquecer]".
Na segunda estrofe, já na hora do "Oublier ces
heures" [Esquecer essas horas], ele capricha no olhar
de sofrimento, mas... o holofote já não está
lá.
O ator Claudio Carneiro, então, corre para reencontrar
a luz no palco e segue assim até que, ainda cantando
afetadamente, precisa apontar um revólver para o técnico
de iluminação que, por todo o espetáculo,
o fez correr para estar na mira do holofote.
O palco do número, que está no YouTube, é
o Cirque du Soleil, onde Carneiro emplacou o solo de 2002
a 2004. Hoje à noite, o ator vai apresentá-lo
em espaço distante do luxuoso circo estrangeiro.
Carneiro estará na praça Roosevelt, no centro
da cidade, onde companhias de palhaços-atores abrirão
o 2º Festival Palhaçada Geral.
Quando foi convidado pelo Cirque para o espetáculo
"Varekai", depois de uma audição em
2001, Carneiro conta que decidiu não fazer apenas os
números da companhia e mostrou o seu "Ne me quitte
pas". Convenceu o diretor e, mesmo tendo se desligado
em 2007 após uma participação no musical
"Love" e um intervalo na companhia do diretor Franco
Dragoni, continua recebendo direitos autorais a cada vez que
o grupo apresenta seu solo.
"O número é de uma idiotice simples. É
estúpido até", avalia, rindo, depois de
um "graças a Deus" pela "mesada"
que recebe do grupo estrangeiro. A idiotice, orgulha-se, rendeu
em 2003 uma visita de Madonna ao camarim de "Varekai",
em Los Angeles. "Ela me falou que era o número
favorito dela."
De volta a São Paulo desde o início do ano,
Carneiro estrelou "A Noite dos Palhaços Mudos",
adaptação de obra do cartunista Laerte que lotou
os Parlapatões e recebeu quatro indicações
na edição paulistana do prêmio Shell,
divulgado anteontem. O ator também chegou a apresentar
"Ne me quitte pas" dentro do espetáculo "Antes
Só do que Acompanhado". Hoje à noite, além
do solo dos tempos do Cirque du Soleil, fará um mímico
que assassina palhaços. "É tudo como a
minha filosofia como palhaço: mínimo de esforço,
máximo de resultado. Eu sou um palhaço preguiçoso,
essa é a verdade", conclui.
Circo-teatro
Além de Carneiro, a abertura -ou um cabaré,
para Hugo Possolo, coordenador do festival Palhaçada
Geral- terá números dos próprios Parlapatões
e do Jogando no Quintal, entre outros, para homenagear o palhaço
Biriba, de Santa Catarina. "Ele é um dos únicos
do país a ainda manter circo-teatro. O trabalho dele
existe há cerca de 80 anos, com a família toda",
diz Possolo.
Até domingo, cerca de dez grupos devem passar pelos
espaços reservados ao encontro, que, na segunda edição,
pretende discutir "o momento em que o palhaço
se apropria da linguagem do teatro".
"Estamos numa geração de palhaços
de teatro que agora está ousando ir para a lona. Em
vez de morrer, a lona nos faz ocupar outro espaço,
nos faz sair do teatro", diz.
Audey Furlaneto
Folha de S.Paulo
Serviço:
FESTIVAL PALHAÇADA GERAL
Quando: abertura hoje, às 21h, até domingo
(programação completa no site www.parlapatoes.com.br)
Quanto: hoje, R$ 5; de qui. a dom., de R$ 5 a R$ 10
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