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Negar um brinquedo para uma criança é tarefa
difícil para boa parte dos adultos, mas considerada
necessária por questões econômicas ou
pedagógicas. Mas se o pedido do pimpolho for um livro,
muitos acabam cedendo para incentivar o hábito de leitura.
E as livrarias, que vêm investindo no público
infantil, colhem bons resultados. No primeiro semestre as
principais redes do país registram crescimento de 10%
a quase 60% nas vendas, em relação ao mesmo
período do ano passado - o segmento infanto-juvenil
ajudou a ampliar essa receita.
O interessante é que este desempenho
positivo ocorre já entre janeiro e junho, período
que costuma ser fraco em número de lançamentos
nas livrarias. A maioria das editoras apresenta as novidades
para o público mirim no segundo semestre, quando são
comemorados o Dia das Crianças e o Natal. E, neste
ano, há também a Bienal do Livro.
Na Livraria Cultura houve um aumento
na receita de 29% nos primeiros seis meses do ano, quando
comparado a igual semestre do ano passado. A venda de livros
para crianças foi ainda mais expressiva, crescendo
32%. As publicações de ficção
e não-ficção tiveram altas de 23% e 18%
nas vendas, respectivamente, no período. "Em todas
as nossas unidades temos áreas específicas para
as crianças. O desempenho das vendas no semestre não
foi motivado por um 'Harry Potter'", disse Pedro Herz,
dono da Livraria Cultura, cujo faturamento no ano deverá
fechar em cerca de R$ 240 milhões, aproximadamente
R$ 50 milhões a mais do que o resultado colhido em
2007.
A Saraiva, que adquiriu a Siciliano
em março deste ano, encerrou o primeiro trimestre com
lucro líquido (antes da equivalência patrimonial)
de R$ 9,7 milhões, o que representa um acréscimo
de quase 60% em relação aos R$ 6,1 milhões
dos três primeiros meses do ano anterior. Já
especificamente entre os livros infantis, a alta foi de 50%
no período.
Com 185 franquias e uma loja própria,
a Nobel também está toda animada com a demanda
da molecada. Enquanto o crescimento médio da receita
das lojas foi de 10%, as vendas de títulos infantis
saltou 20% no semestre. "Os livros infantis entre R$
15 e R$ 25 são os que mais vendem. Uma das razões
é o incentivo das escolas", afirmou Sergio Milano
Benclowicz, presidente da Nobel Franquias. A meta da rede
é chegar ao final do ano com faturamento de R$ 140
milhões, 200 unidades no país e cerca de 25
no exterior.
Conhecida pela variedade de livros
de arte que possui em suas estantes, a Livraria da Vila também
aposta na criançada. Todas as suas sete unidades têm
espaços voltados para o público infantil. "O
livro infanto-juvenil é um dos nossos carros-chefe.
No período das férias realizamos diariamente
ações com contadores de histórias e oficinas
para as crianças desenvolverem o hábito de ler",
disse Samuel Seibel, proprietário da Livraria da Vila.
De fato, uma parte das famílias
brasileiras já encara a visita às livrarias
como um programa de lazer, em especial nas lojas que reservam
um espaço para crianças.
Com 5 mil títulos infantis,
a receita da francesa Fnac no primeiro semestre aumentou 20%.
"Hoje, as livrarias viraram um programa de lazer principalmente
para as crianças", contou Benjamin Dubost, diretor
comercial da Fnac no Brasil. Outro motivo para Dubost comemorar
é o aumento previsto nas vendas de agosto, de aproximadamente
15%, devido à Bienal do Livro, que acontece no próximo
mês.
A atenção dos livreiros
em torno do público infantil também é
embasada em pesquisas. Segundo estudo realizado pelo Instituto
Pró-Livro com 5 mil entrevistados, as crianças
com idade entre cinco e 10 anos lêem 6,9 livros por
ano, enquanto o adulto de 30 a 39 anos lê 4,2 livros.
A pesquisa, divulgada há dois
meses, mostra ainda que os gêneros mais lidos são
as literaturas infantil e juvenil, que juntas representam
46% da preferência dos entrevistados. Em seguida, vem
a Bíblia, com 45%. Considerando-se toda a oferta de
livros religiosos, essa fatia aumenta para 72%.
Beth Koike
Valor Econômico
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