Beto Sicupira,
Jorge Paulo Lemann e Nizan Guanaes têm várias
coisas em comum. São empresários talentosos,
inovadores, respeitados internacionalmente - e ganham dinheiro
com cerveja. Os dois primeiros, donos da Ambev, produzindo;
Nizan, anunciando. Mas há algo de mais importante entre
eles: desenvolvem
uma mobilização a favor da educação
brasileira, tirando dinheiro do próprio bolso - e,
por causa disso, são, neste momento, desafiados.
Não faltam dados mostrando a relação
entre álcool com dezenas de milhares de mortes, sem
contar os feridos. Também sabemos que a publicidade,
como mostram as pesquisas, é traduzida pelos jovens
como estímulo ao abuso. Ou seja, isso é, em
essência, um problema educacional.
O lobby para impedir maior rigor à propaganda é
enorme e, levando em conta o batalhão de sofisticados
advogados e as alianças parlamentares, tem tudo para
ganhar ou, no mínimo, protelar a aplicação
de medidas mais duras. O desafio para eles é pensar
menos como empresários e mais como pessoas que se apresentam
preocupadas com educação e ajudar, com sua criatividade
e poder, a encontrar meios de combater esse massacre diário.
O poder deles seria imenso. Quem sabe poderiam, no mínimo,
fazer campanhas massivas de esclarecimento contra a bebida,
e não aquela mensagem insignificante sobre moderação
depois dos comerciais.
Assim como nós, dos meios de comunicação,
beneficiários da publicidade, também estamos
desafiados.
Talvez eu seja ingênuo. Talvez não: afinal,
somos, além de profissionais, pais.
PS- Coloquei no site pesquisas
inéditas sobre o consumo de álcool no Brasil.
Um em cada quatro
brasileiros bebe muito
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
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