|
No primeiro
dia de aula, cerca de 1,075 milhão de alunos da rede pública
de Nova York (EUA) voltaram para casa com um livrinho de boas-vindas
dirigido a seus pais e familiares. Além de informações sobre
as políticas educacionais da cidade, os avanços registrados
no último ano letivo e as metas para o que então se iniciava,
A Guide for Parents and Families 2005-2006 (Um Guia para Pais
e Famílias 2005-2006) trazia extensa prestação de serviços,
com endereços e telefones de regiões e distritos, e o calendário
completo, de 8 de setembro de 2005 (início das aulas) até
28 de junho de 2006 (último dia letivo), com todos os feriados
e datas de encontros entre pais e professores.
O lema da atual gestão na área educacional, sob o comando
do prefeito republicano Michael Bloomberg, reeleito em novembro,
é "Colocando as Crianças em Primeiro Lugar". A constatação,
no entanto, é de que seria uma palavra de ordem vazia se não
houvesse um forte movimento em direção às famílias dos alunos,
de modo a aproximá-las do sistema e a torná-las co-responsáveis
pela vida escolar dos filhos. Na verdade, em primeiro lugar
vêm as famílias - e, em que pesem as dificuldades criadas
por uma gigantesca rede de ensino, as autoridades escolares
ao menos procuram erguer pontes que os pais possam utilizar.
O chanceler (equivalente a secretário) do Departamento de
Educação de Nova York, Joel I. Klein, observa no Guia 2004-2005
que os coordenadores de famílias das escolas - profissionais
encarregados exclusivamente por esse relacionamento -- fizeram
dois milhões de contatos com pais durante o ano letivo anterior,
média de dois contatos por aluno. A mensagem de Klein tem
o espírito de prestação de contas da administração: ele informa
que foram abertas, desde 2003, mais de 150 escolas secundárias
ao longo da cidade - todas de pequeno porte, de acordo com
o modelo adotado por Nova York - e que foram reduzidos os
índices de violência. Lá como aqui, número de vagas e segurança
são temas prioritários.
O Guia também se encarrega de esclarecer os pais a respeito
de mudanças no sistema, como a extensão a todas as escolas
dos currículos de leitura e matemática que vigoravam apenas
nas melhores unidades, a adoção de mentores para os professores
iniciantes, a contratação de coaches (espécie de supervisores
de treinamento dos docentes) em leitura e matemática, e o
fim da "promoção social" (aprovação automática) na 7ª série
(que, anteriormente, já havia sido abolida na 3ª e na 5ª séries).
Cada uma das 10 regiões passou a ter um coordenador para alunos
"talentosos e bem dotados", que têm direito a programas específicos
de aperfeiçoamento.
O Código Disciplinar em vigor nas escolas da cidade, lembra
o Guia, está à disposição de todos os interessados em 10 idiomas
(o português não faz parte da lista, que inclui coreano, russo
e bengali) e em braile. São apresentadas também as três instâncias
de participação abertas aos pais: as Associações Familiares
de cada escola (o equivalente, no papel, às nossas Associações
de Pais e Mestres), as Equipes de Liderança Escolar (que reúnem
pais, a direção da escola e representantes do sindicato dos
professores) e os Conselhos de Educação, formados por pais,
estudantes e representantes eleitos da comunidade (para cada
um dos 32 distritos escolares, para a educação especial e
para o ensino médio).
As informações para pais não se esgotam no Guia. O web site
do Departamento de Educação de Nova York mantém uma área exclusiva
para as famílias, com informações sobre diversos aspectos
do sistema educacional, desde o passo-a-passo para matrícula
dos filhos até questões curriculares, de transporte, alimentação
e saúde.
Política de exclusão
Algumas escolas primárias públicas da Inglaterra estariam
insistindo na adoção de uniformes mais caros e de contribuições
maiores para os fundos escolares como forma de impedir que
famílias pobres enviem seus filhos a elas, denunciou pesquisa
da Confederação da Educação e dos Gerentes de Serviços Infantis,
que reúne líderes da área.
Outras táticas de exclusão utilizadas por essas escolas incluiriam
aulas de música (em que os instrumentos e os professores são
pagos) e programas de visitas (também custosos). "Junte todos
esses elementos e o ensino, que deveria ser gratuito, pode
custar muito caro", afirmou Chris Waterman, diretor da Confederação
e autor da pesquisa, divulgada no início de novembro, ao suplemento
de educação do jornal inglês The Guardian.
O fantasma de Columbine
Em uma escola de Campbell, a 50 quilômetros de Knoxville (Tennessee,
EUA), um estudante de 14 anos foi preso depois de matar a
tiros um assistente de direção e ferir o diretor e um funcionário
da área de administração. O crime ocorreu em 8 de novembro,
durante o horário de aulas. Cerca de 1.400 alunos estudam
ali; boa parte deles se encontrava na escola. O atirador apoderou-se
do sistema de som e informou que "todos estavam presos".
Episódios de violência como esse haviam diminuído desde a
tragédia da Columbine High School, em Littleton (Colorado),
um dos oito incidentes com vítimas fatais registrados em escolas
americanas entre 1997 e 1999. A estupefação do país diante
do massacre em Littleton gerou o documentário Tiros em Columbine
(2002), de Michael Moore, e o filme de ficção Elefante (2003),
de Gus Van Sant, ambos disponíveis em vídeo no Brasil.
As informações são
da Revista Educação.
|