São Paulo registrou em
2007, pela primeira vez, menos de 100 mil casos de adolescentes
grávidas
O Estado de São Paulo registrou pela primeira vez menos
de 100 mil adolescentes grávidas no período
de um ano. Em 2007, foram 96.554 gestantes menores de 20 anos.
No ano anterior foram 100.632. O resultado foi apresentado
ontem pelo governador José Serra (PSDB) e pela Secretaria
de Estado da Saúde com base nos dados da Fundação
Seade.
A tendência no Estado é
diferente da registrada no resto do País, onde cresceu
o número de jovens entre 15 e 19 anos que engravidaram
e têm hoje pelo menos um filho vivo - eram 3% em 1996
e, dez anos depois, 5,8%.
De acordo com o levantamento em São
Paulo, o número de adolescentes grávidas vem
caindo ano a ano no Estado. Na comparação com
1998, quando houve 148.018 casos de jovens grávidas
em São Paulo, os dados de 2007 apontam uma redução
que chega a 34,7%. As quase 97 mil adolescentes grávidas
representaram 16,25% do total de partos no Estado. Índice
inferior ao dos anos anteriores. Em 2002, por exemplo, as
grávidas nessa faixa etária representaram 18,4%
do total de partos e 17,5%, em 2003.
Para Tânia Lago, coordenadora
do Programa de Saúde da Mulher da Secretaria Estadual
da Saúde, a queda é o principal reflexo do aumento
do nível educacional das adolescentes paulistas. "Antes
de qualquer ação específica, é
o acesso à educação que protege a adolescente
de uma gravidez indesejada."
O acesso a métodos anticoncepcionais,
segundo Tânia, também surtiu impacto sobre o
índice.Em 1999, foram registradas 144.362 ocorrências
no Estado. Em 2000 foram 136.042. Já no ano seguinte
houve 123.714. Em 2002, 116.368. Em 2003 foram 109.082, em
2004 106.737 e, em 2005, 104.984. "Embora a distribuição
de anticoncepcionais já estivesse prevista pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) desde a década de
80, esse fornecimento sofreu diversas paralisações",
diz Tânia. "Agora, o País vive um momento
em que as adolescentes têm uma maior oferta de anticoncepcionais."
Diferenças
No Brasil, o índice de adolescentes grávidas
é de 21,8%, segundo dado do Ministério da Saúde
referente a 2005 (último disponível). Em São
Paulo, esse índice em 2007 foi de 16,3%. Os dados da
3ª Pesquisa Nacional de Demografia da Saúde da
Mulher e da Criança - divulgados na semana passada
- revelam que a maior parte dos bebês nascidos no País
em 2006 foi gerada por mulheres entre 19 e 24 anos. O estudo
considerou o período de 1996 a 2006.
Entre 1998 e 2007, as regiões
do ABC, na Grande São Paulo, e de Marília registraram
a maior queda no índice de gravidez na adolescência.
Há dez anos, foram registrados 8.628 casos no ABC e
no ano passado, 5.012 - queda de 41,9%. Em Marília,
a queda foi de 41%. No mesmo período, nas regiões
de Mogi das Cruzes, Franca e Ribeirão Preto foram registrados
os menores índices de queda: 26%, 27,5% e 29% respectivamente.
Segundo Tânia, a secretaria prevê ações
especiais para o Vale do Ribeira, região mais pobre
do Estado.
Emilio Santanna
O Estado de S.Paulo
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