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abastecimento
08/10/2003

Vazamentos e desperdício levam 1/3 da água por dia

Sob a ameaça de um dos maiores racionamentos de água da história -que pode atingir até 70% da população-, a Grande São Paulo desperdiça 1,8 bilhão de litros de água potável por dia -quase 1/3 do que é distribuído.

O volume é a soma do excesso de consumo doméstico e as perdas por vazamentos na rede. O que vai "para o ralo" seria suficiente para abastecer por quase 48 horas toda a população servida pela represa Guarapiranga -3,7 milhões de moradores nas zonas sul e oeste da capital paulista.

Do que é perdido ou esbanjado, 1 bilhão de litros (56,6%) são fruto do uso inadequado da água pela população. De acordo com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), o consumo per capita médio na região metropolitana é de 180 litros de água por dia, enquanto a OMS (Organização Mundial da Saúde) considera como bom um gasto diário de 120 litros por pessoa.

Os 60 litros extras, segundo a Sabesp, só servem para aumentar a conta de água e, multiplicados por 17 milhões (a população estimada da Grande SP), representam um gasto insustentável, que fica ainda mais claro em crises do abastecimento como a atual.

A distribuição dos gastos, porém, não é igualitária. Em bairros mais pobres e periféricos, ele pode chegar a 130 l diários por pessoa; em áreas mais ricas e centrais, vai a 220 l per capita por dia.

Maus hábitos e equipamentos que consomem muito (como banheiras, piscinas e máquinas de lavar louça e roupa) são decisivos para a diferença -o que significa que cabe a quem vive em regiões mais nobres da Grande São Paulo puxar a fila da economia.

Isso pode ser feito com ações como tomar banhos mais curtos, abolir lavagens de calçadas e de carros com mangueira, fechar as torneiras na hora de escovar os dentes (leia mais dicas abaixo).

Mas a Sabesp também tem sua parcela de culpa no desperdício. Por causa de problemas na rede, vazam por dia 773,4 milhões de litros (14,8% do que é distribuído). E o que deixa de chegar às torneiras não deve diminuir muito mais porque a meta da empresa é chegar a uma perda de 14% -ela alega não haver perda zero.

Os vazamentos na rede vêm diminuindo -eram de 17,7% em 2000-; o consumo médio também -era de 200 litros per capita no fim da década passada.

Racionamento e campanha
Hoje a Sabesp informa quando começa e como será o racionamento de água no sistema Alto Cotia, que serve cerca de 300 mil pessoas na Grande São Paulo e tinha ontem 8% de sua capacidade.

Deve anunciar ainda uma campanha publicitária emergencial voltada para a economia de água. A empresa está sem agência desde o início do ano, mas deve veicular as peças por meio da conta do governo do Estado. A última campanha da Sabesp ocorreu, como de costume, durante o verão.

A expectativa agora fica por conta de como vão se comportar até o fim do mês os sistemas Cantareira e Alto Tietê, que abastecem 9 milhões e 2,6 milhões de pessoas e operavam ontem, respectivamente, com 8,8% e 21,6% de sua capacidade. Para evitar o racionamento, é preciso que chova a média histórica de outubro nas áreas de mananciais dos sistemas: 131,4 mm no Cantareira e 120,8 mm no Alto Tietê (1 mm é igual a 1 l por 1 m2).

Até ontem de manhã, a chuva acumulada era de 1 mm no Cantareira e de 3,1 mm no Alto Tietê.

MARIANA VIVEIROS
Da Folha de S. Paulo

 
 
 

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