Mesmo
com alunos brasileiros bem colocados em olimpíadas
de matemática de segundo e terceiro grau mundo afora,
as habilidades dos brasileiros com os números são
bem aquém do ideal. "A situação
do ensino matemático no Brasil é dramática",
afirma Suely Druck, presidente da Sociedade Brasileira de
Matemática.
Uma pesquisa realizada com 2.000 pessoas no país pelo
Instituto Paulo Montenegro -braço social do Ibope-
e pela ONG Ação Educativa quantificou o problema:
29% da população do país (ou mais de
52 milhões de pessoas), entre 15 e 64 anos, conseguem
ler números, mas têm muita dificuldade em resolver
operações matemáticas simples, identificar
proporções ou entender gráficos e tabelas.
Mais de 3 milhões de brasileiros nessa faixa etária
(2% da população) são analfabetos absolutos
em matemática. Isso quer dizer que não conseguem
ler números simples, como preços em mercados,
nem anotar corretamente números de telefone. A pesquisa,
de junho, tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais para
mais ou para menos, e apontou que 23% da população
conhece números plenamente, faz cálculos e interpreta
mapas, tabelas e gráficos.
O maior ou menor conhecimento matemático, apesar de
seu uso cotidiano, surgiu na pesquisa relacionado ao grau
de instrução: 80% dos entrevistados com até
a terceira série do ensino fundamental não ultrapassavam
o nível mais básico de domínio dos números,
sem saber resolver nenhum tipo de cálculo.
Druck tem suas pistas: "A matemática no Provão
teve a nota mais baixa de todos os cursos examinados. E a
maioria dos professores de hoje se formou nesses cursos".
"Mais de 80% deles desconhece o conteúdo que têm
de ensinar."
FERNANDA MENA
da Folha de S.Paulo
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