Erika
Vieira
Fazer com que o conhecimento quebre as barreiras da universidade
e adentre as necessidades do mundo real da população
brasileira, é com esse objetivo que a Incubadora Tecnológica
de Cooperativas Populares da Universidade de São Paulo
(ITCP/USP) vêm atuando na zona sul da cidade.
A ITCP é um projeto desenvolvido dentro da universidade,
composto por professores, estudantes de graduação,
pós-graduação e graduados de diversos
cursos que auxiliam grupos comunitários (ONGs, cooperativas,
etc) a trabalharem com economia solidária até
conquistarem a autogestão.
”O objetivo é formar estudantes com outra visão
de atuação profissional e gerar conhecimento
de apoio às cooperativas. É tentar levar o conhecimento
da universidade para a população de baixa renda”,
define a coordenadora Regiane Nigro. Ela fala que os alunos
da Faculdade de Economia e Administração, por
exemplo, aprendem conceitos para ser aplicado em grandes empresas,
o que muitas vezes não se adequa a instituições
populares. “A universidade está voltada para
tecnologia de ponta. É um desafio trabalhar com isso”,
diz.
Atualmente o projeto concentra suas atividades nas regiões
do Capão Redondo, Jardim Ângela e Campo Limpo,
localidade em que atuou inicialmente apoiando a prefeitura
no Programa Oportunidade Solidária de 2001 a 2004.
A partir daí partiram para uma consolidação
de Rede Solidária Local, ou seja, implantar a iniciativa
de autogestão em comunidades que fazem fronteiras com
essa área para que haja um desenvolvimento local mais
consolidado. Hoje faz a incubação de dois grupos
de agricultura urbana, um grupo de produção
de sabão ecológico, um de costureiras, um de
artesanato e um de alimentação.
Além da zona sul, atuam também dentro da cidade
universitária e nas mediações da USP
com as comunidades São Remo e do Rio Pequeno. Assessoram
a “Cooperativa do Sabor”, restaurante do Centro
de Convivência do DCE (Diretório Central dos
Estudantes); a “Cooperbrilha”, cooperativa multiprofissional;
a “Cooper-Remo”, padaria; e a “Monte Sinais”,
lanchonete da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP).
As cooperativas recebem atendimento completo por parte da
Incubadora, não há prazos para que as atividades
sejam interrompidas, isso ajuda na consolidação
de uma administração mais sólida. Um
exemplo de que esse método traz resultado é
o acompanhamento feito com a “Cooperbrilha” dentro
da USP. “Eles já tem condições
de se gerenciarem e serem autônomos, de tocar o plano
de negócios. A Incubadora pretende a partir daí
continuar o contato na condição de iguais e
não como superiores”, afirma a coordenadora Regiane.
Ela diz que trabalhar na incubadora é gratificante
por poder ver que pessoas que tinham baixa auto-estima hoje
conseguem gerenciar seu próprio negócio.
Desde 1998 a Incubadora está implantada na USP, esse
projeto surgiu a partir do movimento nacional de formação
de Incubadoras Universitárias de Cooperativas Populares.
Em 2001 a PUC (Pontifícia Universidade Católica)
e FGV (Fundação Getúlio Vargas) também
montaram incubadoras com o auxilio da USP. A ITCP trabalha
em parceria com o poder público, mas também
estão abertos ao financiamento privado.
Cooperativas e Incubadoras no Brasil
O Programa Nacional de Incubadora Tecnológica
de Cooperativas Populares (Proninc) foi implantado no Brasil
em 1997, com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep), Fundação Banco do Brasil, Banco do
Brasil e a Coppe. As incubadoras funcionam dentro de universidade
e mobilizam pessoas para a formação de cooperativas
junto à população de baixa renda.
O Pronic desenvolve atividades com cerca de 350 cooperativas
brasileiras. Assessoram as já existentes e articulam
novos projetos. Esse trabalho é feito em 33 universidades
brasileiras, a maioria se concentra nas públicas, mas
também há em instituições particulares.
As incubadoras são compostas por especialistas de
diversas áreas (administração, economia,
direito, ciências sociais, geografia, psicologia, entre
outras), principalmente por estudantes que tem a oportunidade
de entrar em contato com a realidade profissional e criar
novas técnicas de trabalho.
O objetivo é expandir o campo de trabalho nas regiões
carentes. Auxiliar na formação de cooperativas
economicamente viáveis, adequando a proposta de cooperativa
para cada grupo específico. Para isso, buscam potencial
dentro da própria comunidade para transformá-la.
No ano passado esse projeto foi selecionado para receber
recursos do programa InfoDev ( Information for Development),
realizado pelo Banco Mundial (Bird). A Incubadora Tecnológica
de Cooperativas Populares também foi eleita em 2000,
pelo Bird e a Fundação Getúlio Vargas,
como uma das experiências nacionais que mais contribui
para a diminuição da pobreza.
Conheça algumas Incubadoras Tecnológicas de
Cooperativas Populares atuantes no Brasil:
Unioeste
(Paraná)
Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Unicamp
Universidade
Federal do Acre
Universidade
Federal do Pará
Universidade
de São Paulo (USP)
Seleção
Pública de Proposta para Apoio a Projetos de Reaplicação
de Tecnologia de Incubação de Empreendimentos
Solidários
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