Carolina
Lopes
Passar mais de quatro horas numa
escola de iniciação artística usualmente
é privilégio dos filhos da elite. Mas há
em São Paulo, em meio a uma imensa área verde
– Parque Lina e Paulo Raia -, uma escola assim, totalmente
gratuita. É a Escola Municipal de Iniciação
Artística (Emia). Não é obrigatória
nem vinculada ao sistema de educação do município,
mas sim à Secretaria Municipal da Cultura. O método
é próprio e as aulas são bem mais procuradas
do que a temida matemática e o português. Divididas
em quatro linguagens, a grade curricular se divide entre artes
plásticas, música, teatro e dança.
São 58 professores fomentando arte para 1200 alunos
de todas as regiões do município. Como a procura
é maior do que a capacidade de atendimento, há
um processo seletivo, realizado por sorteio. A assistente
administrativa e social da escola, Lenira Maria Ramos, informa
que tem tido uma procura excedente de 300 vagas para a iniciação
na escola, com capacidade para apenas 50 nesta fase. As inscrições
são feitas sempre em novembro.
O aluno que chega tem cinco anos. É a fase em que
lhe serão apresentadas as quatro linguagens artísticas.
Conforme a criança vai crescendo, se houver interesse,
ela vai se especializando em uma modalidade, ao mesmo tempo
em que a carga horária de estudo vai aumentando. Doze
anos é a idade máxima da criança na escola,
que, quando apresenta habilidades artísticas especiais
é encaminhada para espaços profissionais de
arte. Lenira conta que são diversos os casos de alunos
que saem da Emia e vão direto para as escolas profissionalizantes
para seguir carreira, inclusive com alguns exemplos em projeção
internacional.
Para os alunos que não chegam a conseguir entrar na
escola há um sistema de cursos “extra curriculares”.
Ou seja, a criança não passará pelo processo
de iniciação artística, mas terá
oficinas de determinada modalidade. A mais procuradas é
a de música. A idade também é diferenciada:
de 7 a 18 anos e também para os pais inscritos no curso
de iniciação. Assim, a comunidade também
interage com a escola.
A experiência não é recente. A Emia foi
fundada em 1.980. Na época era uma escola exclusivamente
de música. Durante a prefeitura de Mário Covas
(1983-1985) é que ganhou o perfil interdisciplinar.
Leia relato
de uma ex-aluna
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