A julgar
pelo número de inscritos para o Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem) 2005, a concorrência a uma bolsa
do Programa Universidade para Todos (ProUni) vai ser acirrada
na próxima seleção. O Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) refez sua previsão
e espera ter de 3,5 milhões a 4 milhões de inscritos
no Enem, cuja nota é obrigatória para quem quer
o ProUni.
A previsão divulgada no encerramento das inscrições,
em maio, era de 2,8 milhões de estudantes, mas os técnicos
do instituto já contam 1,358 milhão na apuração
parcial, divulgada nesta semana pelo órgão do
MEC. O aumento em relação a 2004 é expressivo:
no ano passado o total de inscritos foi de 1.552.316.
O número parcial se refere somente aos alunos que
já concluíram o ensino médio e se inscreveram
pelos Correios (cerca de 1,3 milhão) e pela internet
(58 mil). Ainda faltam ser contados aqueles que estão
cursando o 3.º ano, que fizeram inscrições
na própria escola, explica Dorivan Ferreira, coordenador
do exame.
"E não descartamos a possibilidade de os Correios
enviarem dados de mais inscrições", lembra
ele, que credita esse fenômeno ao interesse dos estudantes
pelo ProUni.
O reflexo desta adesão maciça ao exame ainda
terá de ser analisado pelo departamento que cuida do
ProUni. Não há dúvida de que a pressão
sobre as vagas do programa vai aumentar muito se grande parte
destes 3,5 milhões de estudantes pleitear uma bolsa.
No ano passado, cerca de 115 mil foram concedidas.
Vagas no ProUni
O ministério não informa se o número
de vagas do ProUni vai aumentar e em que medida. É
assunto sobre o qual somente o ministro Tarso Genro deve falar,
nos próximos dias, ao anunciar os dados da próxima
edição do programa. Comenta-se, entretanto,
que um aumento de bolsas depende basicamente da abertura de
novos cursos, já que a adesão das universidades
e faculdades está quase em 100%.
Além disso, deve haver uma pequena redução
na oferta de vagas pelas instituições, pois
a MP que criou o ProUni passou no Congresso com uma alteração:
as faculdades e universidades particulares podem destinar
8,5% das suas vagas aos bolsistas, e não mais 10% como
na primeira edição do programa, em 2004.
Por outro lado, funcionários do MEC levam em conta
o fato de milhares de estudantes não conseguirem nota
mínima no Enem, o que os colocaria fora da disputa
por uma bolsa do ProUni. E, se depender do coordenador do
exame, o grau de dificuldade das questões continuará
o mesmo."Não vamos mudar, a metodologia continua
a mesma, privilegiando a interpretação e o raciocínio",
afirma Ferreira.
Nota média
Se o exame marcado para o dia 28 de agosto terá o mesmo
grau de dificuldade dos anteriores, a nota média dos
participantes tenderá a cair bastante, lembra Renato
Pedrosa, coordenador-adjunto do vestibular da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp). Não porque o Enem seja
difícil, mas porque "milhares de jovens menos
preparados vão fazer a prova", explica ele, prevendo
um universo maior de notas baixas puxando a média.
Isso não muda nada para os candidatos à Unicamp,
onde a nota individual no Enem tem peso de até 20%
sobre a pontuação e contribui para muitos passarem
para a segunda fase do vestibular. Mas pode fazer uma enorme
diferença se a nota média do exame for adotada
como nota de corte em algum processo seletivo.
De qualquer forma, os organizadores do vestibular estão
à espera dos próximos movimentos do MEC quanto
ao Enem para saber se precisarão fazer adaptações
no uso da nota. No Inep, Ferreira responde que espera não
ver uma queda abrupta da nota média e diz que qualquer
mudança só virá depois do próximo
exame.
"Estamos pensando nisso sem medo e vamos estudar, depois
da prova, como ficou a média, se ela tem a ver com
a prova ou com o perfil dos candidatos, entre outros aspectos",
afirmou o coordenador do Enem.
DAVID MOISÉS
da Agência Estado
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