Grasiela
Cardoso
Especial para o GD
O número de maus tratos em crianças cresce cada
vez. Na cidade de Ribeirão Preto, interior de São
Paulo, o número de agressões feitas pelos pais
ou responsáveis pode ser até 40 vezes maior
do que o indicado nos dados oficiais da cidade. É o
que revela uma pesquisa feita pela psicóloga da Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
(FFCLRP) da Universidade de São Paulo (USP), Alessandra
da Silva Araújo.
Um outro dado alarmante é que 95% dos casos não
recebem nenhum tipo de atenção dos órgãos
e instituições sociais. Para ela, a solução
para muitas ocorrências se encontra nas escolas. "A
única maneira de acabar ou amenizar esse problema é
a denúncia feita pelo professor. Eles precisam estar
atentos nesses casos e entender que a denúncia não
é uma punição, mas uma ajuda para a criança
e para a família", explica a psicóloga.
A análise foi feita através de cartilhas, preenchidas
por educadores responsáveis pelas crianças de
creches e pré-escolas públicas e particulares.
Por meio delas, Alessandra estipulou quais são as principais
violências vivenciadas pelas crianças. Esse mesmo
método de estudo foi aplicado com sucesso em outros
países, como Espanha e Argentina.
Segundo a pesquisa, a falta de controle parental, ou seja,
quando os pais não conseguem controlar o comportamento
dos filhos; abandono emocional e também o físico,
abuso sexual, trabalho infantil, mendicidade, ações
delituosas e outros tipos de abusos, são os maiores
problemas encontrados.
Um dado importante apresentado pela psicóloga é
que os problemas de maus tratos atingem todas as classes.
"Independente da classe financeira o problema atinge
a todos. O que muda é o tipo de maus tratos, mas o
índice de violência é o mesmo", explica
Alessandra.
O estudo foi feito com crianças de zero a seis anos
de idade, matriculadas em creches ou pré-escola da
cidade. Pelo dados oficiais do ano de 2003, apenas 2% das
crianças sofriam esse tipo de agressão, mas
segundo o estudo o número sobe para "8%".
"Temos que estar atento, as violências acontecem
mas muitas vezes as crianças não são
ajudadas", finaliza a psicóloga.
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