BRASÍLIA.
O governo está estudando duas soluções
para aumentar o salário-mínimo no ano que vem.
Uma delas seria antecipar para janeiro o reajuste que tradicionalmente
acontece em maio. Neste caso, porém, o valor ficaria
em R$ 283, que é a correção pela inflação
futura e pela variação do PIB per capita. A
outra opção em estudo é elevar para R$
300 o novo piso salarial, mas o reajuste só aconteceria
em maio.
A idéia da antecipação foi do próprio
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas, agora, oposição
e sindicalistas assumiram a bandeira e querem, além
da antecipação, o reajuste pelo valor mais alto
já a partir do mês que vem. A CUT briga por R$
320, independentemente de o reajuste ser dado a partir de
janeiro. Hoje, as centrais sindicais têm encontro com
o ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
"Nossa proposta é de que em 2005 o mínimo
seja reajustado em 23,08%, passando a R$ 320 a partir de janeiro
ou em maio. Mas o valor terá que ser este", disse
o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC,
José Lopez Feijóo.
R$ 3,4 bilhões
O relator do Orçamento, senador Romero Jucá
(PSDB-RR), disse que a questão não está
decidida, mas adiantou que se, eventualmente, o reajuste acontecer
pelo valor mais alto já a partir de janeiro, o rombo
no Orçamento aumentaria em R$ 3,4 bilhões. Já
o pagamento de R$ 283 a partir de janeiro custaria R$ 1,6
bilhão. E o reajuste ainda jogaria na economia R$ 1,6
bilhão a partir de janeiro, um mês tradicionalmente
fraco para o comércio.
"A discussão que está sendo feita é
se antecipar ou dar maior valor em maio tem o mesmo impacto
fiscal no Orçamento.Talvez seja vantagem para os trabalhadores
e para a economia fazer em janeiro porque é uma época
em que o comércio vende menos", disse o deputado
Paulo Bernardo (PT-PR), presidente da Comissão de Orçamento,
lembrando, porém, que a decisão final será
de Lula.
VALDEREZ CAETANO
do jornal O Globo
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