Cada
vez mais jovens brasileiros partem para o exterior para estudar.
Neste ano, 42 mil estudantes fecharam contrato para viajar,
contra 34 mil em 2003, um aumento de 23,5%.
O levantamento é da Brazilian Educational & Language
Travel Association (Belta, associação que reúne
90% das instituições brasileiras da área).
Algumas empresas chegaram a registrar 60% de aumento em relação
ao ano passado, como a CI (Central de Intercâmbio),
segundo levantamento da Folha.
"Dos estudantes latino-americanos que vêm estudar
na Nova Zelândia, 68% são brasileiros",
afirma Rachel Crump, do Ministério da Educação
neozelandês.
A principal razão desse aumento, segundo a presidente
da Belta, Tatiana de Carvalho Mendes, é o mercado de
trabalho. "As pessoas estão cada vez mais cientes
de que os idiomas são fundamentais para a carreira",
afirma.
Outras razões são a retomada da economia, a
queda na onda de terrorismo e o investimento dos países
na divulgação do turismo educacional. "Os
negócios da educação são diferentes,
porque, quando uma pessoa vai estudar em outro país,
cria laços afetivos e passa a respeitar esse lugar.
Então o negócio da educação vira
um negócio da paz", diz Tim Sheppard, da área
de educação e negócios do governo neozelandês.
A maioria dos adolescentes que buscam um curso de intercâmbio
quer a experiência de morar seis meses ou um ano em
outro país. Mas os cursos de curta duração
também são muito procurados. Mesmo quem estudou
muitos anos de inglês no Brasil aposta na experiência
in loco para tentar evoluir no domínio do idioma.
A produtora Camila Paoliello, 25, por exemplo, passou dois
meses em São Francisco (EUA). Ela já fazia aulas
particulares de inglês em São Paulo, onde mora,
mas considera que foi essa experiência que a fez "falar
de verdade". "Foi quando desenrolei a língua.
Aprendi as coisas na marra, uma questão de sobrevivência",
diz.
Idioma
Uma pesquisa da Belta realizada neste ano revelou que o curso
mais procurado por quem viaja é o de línguas,
com 88,8%.
De acordo com Claudia Martins, gerente de marketing da Student
Travel Bureau (STB), uma das principais agências do
setor, o Canadá tem despontado como o país mais
requisitado pelos estudantes. Detém 25% da procura,
seguido pelos Estados Unidos, com 22%; Reino Unido, 21%; Austrália,
12%; Nova Zelândia, 9%; e Espanha, que tem 8%.
"Esse movimento começou em 1997, uma época
em que Estados Unidos e Inglaterra dominavam, com 47% da procura
cada um. Com o câmbio mais favorável e cursos
consideravelmente mais baratos, o Canadá vem ganhando
cada vez mais espaço", afirma Martins. A STB registrou
um aumento de 40% nas vendas neste ano em relação
a 2003.
Confirmando essa tendência, o Centro de Estudos Canadense
afirmou que, até setembro deste ano, foram emitidos
5.407 vistos de longa duração para estudantes
brasileiros. Durante todo o ano de 2003, foram 4.782.
Um curso de quatro semanas com acomodação em
casa de família nos Estados Unidos custa cerca de US$
1.740. No Canadá, a mesma temporada de estudos sairia
por US$ 1.080 e na Austrália, US$ 1.745.
MAYRA STACHUK
ALESSANDRA BALLES
da Folha de S. Paulo
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