João
Batista Jr.
Lançado em 2001, o projeto de despoluição
do rio Pinheiro já consumiu R$ 60 mi e, mesmo assim,
ainda não foi realizado. Idealizado pelo então
governador Mário Covas, a proposta era fazer com que
a água do rio chegasse limpa na represa Billings para
gerar energia. Hoje, hidroelétrica Henry Borden utiliza
a água que chega via bacia do Alto do Tietê.
A Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae)
vê na despoluição uma fonte de energia,
uma vez que não se pode usar a água do rio desde
1992 por conta da poluição. “Com o interesse
da Emae em ampliar e modernizar a termoelétrica a gás,
Usina Piratininga, tratar a água do rio Pinheiros tornou-se
uma necessidade pela exigência de água limpa
para refrigeração”, informa o diretor
de Controle de Poluição Ambiental da Cetesb
Orlando Zuliani Cassettari.
O Governo de São Paulo estabeleceu parceria com a
Petrobrás para a construção desta Usina.
“Daí a Petrobrás, a Secretaria de Energia
e Saneamento e a Secretaria de Meio Ambiente uniram esforços
para o tratamento do Rio.”
Depois de firmado o acordo no dia 7 de dezembro de 2001,
começou, em vão, o investimento para despoluir
o rio que corta São Paulo. Pois, parte do maquinário
comprado para realizar uma despoluição pelo
sistema de flotação está com as peças
enferrujadas, pelo fato de nunca terem sido usadas nem bem
armazenadas. O valor gasto até agora foi de “cerca
de R$ 60 mi”, segundo Cassettari.
Briga política
”Isso é de uma truculência muito grande
porque o rio não tem partido político.”
A frase é do deputado federal Ricardo Trípoli
(PSDB), que, à época, era responsável
pela secretaria do Verde e Meio Ambiente. Por considerarem
que o sistema de flotação afetaria a qualidade
da água que seria bombeada até a represa Billings,
os deputados José Mentor (federal) e Donisete Pereira
Braga (estadual), ambos do PT, entraram com duas ações
na Justiça, uma na esfera federal e outra na estadual
– que aceitou o pedido, e mandou interromper o processo
e despoluição.
Afirmando ser favorável à despoluição
do rio Pinheiro, Mentor diz que entrou na Justiça por
não estar de acordo com os trâmites que envolviam
a despoluição. “A idéia de realizar
flotação surgiu quando o governo estadual pretendia
viabilizar a privatização da Emae, empresa controladora
da hidrelétrica Henry Borden”, informa o deputado.
“Assim, sem ouvir as prefeituras do entorno da represa,
sem ouvir os técnicos especialistas no assunto e sem
realizar o necessário Estudo de Impacto Ambiental,
o governo tentou realizar um projeto altamente questionável.”
“Se houver vontade política, a despoluição
pode ser levada adiante”, acredita Tripoli. O tucano
afirma que a despoluição do rio Pinheiros é
um compromisso a ser cumprido. “As pessoas têm
de voltar a amar o rio.”
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