As vendas
no comércio varejista aumentaram 6,24% em janeiro na
comparação com igual mês do ano passado,
de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Trata-se do 14° mês seguido de alta.
O resultado de janeiro, no entanto, dá sinais de desaceleração.
Em dezembro, as vendas cresceram 11,42% na comparação
com dezembro do ano anterior.
O IBGE atribui o resultado à melhora na base de comparação,
já que o crescimento expressivo de 2004 foi beneficiado
pelos fracos resultados de 2003.
Assim como a indústria, a expansão do ano passado
foi liderada pelos chamados bens de consumo duráveis,
como móveis e eletrodomésticos. No fim do ano,
no entanto, com o fim do ciclo de crédito, a tendência
é que esse perfil comece a mudar.
O consumidor pode passar a dar preferência a itens
como alimentação e vestuário, mais dependentes
de salário do que de crédito. Isto porque há
um limite de endividamento das famílias. No ano passado,
muitos consumidores decidiram arcar com compras a prazo e
ainda não estão prontos para enfrentar novas
prestações.
A mudança no cenário macroeconômico também
interfere no desempenho das vendas. O crédito tende
a ficar mais caro com o ciclo de aumento da taxa básica
de juros. Desde setembro, o Banco Central já elevou
os juros seis vezes e o mercado aposta em mais uma elevação
no resultado a ser divulgado nesta quarta-feira. A Selic passou
de 16% em setembro para 18,75% ao ano em fevereiro.
Setores
Em janeiro, o setor de móveis e eletrodomésticos
registrou a maior expansão de vendas, de 19,59%. O
resultado, no entanto, é inferior ao de dezembro (23,77%).
Segundo o IBGE, o desempenho é consequência da
melhora das condições de crédito e da
massa de salários.
Já o setor de hipermercados, supermercados, produtos
alimentícios, bebidas e fumo teve alta de 6,33%.
As promoções de início de ano alavancaram
o desempenho do setor de vestuário. As vendas cresceram
4,15%, um resultado pouco inferior à variação
de dezembro, de 4,82%. Tradicionalmente, após as festas
de fim de ano janeiro é marcado por um desempenho fraco.
Combustíveis e lubrificantes registraram queda de
1,07% na comparação com janeiro do ano passado.
Segundo o IBGE, o desempenho pode ser atribuído pelos
sucessivos aumentos de preços.
As vendas cresceram em 25 das 27 unidades da federação.
No Estado de São Paulo, a alta das vendas do varejo
passou de 11,36% em dezembro para 5,16% em janeiro.
As maiores altas foram registradas em Alagoas (23,47%) e
no Rio Grande do Norte (18,77%). Por outro lado, houve queda
das vendas em Tocantins (-4,34%) e Roraima (-3,82%).
Metodologia
A PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) é
realizada mensalmente pelo IBGE em todo o país. Para
mensurar o desempenho do setor, o IBGE apura a receita bruta
de revenda das empresas varejistas formais com 20 ou mais
pessoas ocupadas. Ao todo, são 9 mil informantes em
todo o país.
JANAINA LAGE
da Folha Online
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