Keila Baraçal
O município de São Paulo
vai deixar ganhar, em 2008, R$ 30 bi, aproximadamente. É
o que revela um estudo feito e divulgado este mês pela
Fundação Getúlio Vargas. A pesquisa aponta
o trânsito como o causador da perda de dinheiro. Mostra
também que o tráfego, além de provocar
paralisações, faz com que passageiros e motoristas
ainda gastem verba com saúde e outros serviços,
por conta do problema.
Dirigida pelo vice-presidente da FGV, Marcos Cintra, as análises
indicam que o trânsito em São Paulo vai parar.
Ele dividiu os dados da pesquisa entre “Custo de Oportunidade”
e “Custo Financeiro”. No primeiro tópico,
o paulistano deixa de ganhar R$ 26 bi, durante o tempo em
que está no engarrafamento. “As pessoas acabam
deixando de usar dinheiro para o lazer ou para o trabalho
porque estão paradas no trânsito”, argumenta.
Em 2004, por exemplo, a cidade de São Paulo deixou
de ganhar R$ 14bi e, em 2008, o valor quase dobrou, chegando
aos R$ 26 bi. “É uma progressão rápida.
Se continuarmos nessa trajetória, daqui a quatro anos,
vamos ter um colapso. Basta acontecer um acidente grande e
a cidade inteira pára.”
Agora, em termos de Custos Financeiros – ou seja, aquilo
que o paulistano realmente gasta –, nas contas de Cintra,
a despesa de combustível consumido pelo automóvel,
beira a casa dos quase R$ 4 bilhões anuais. O trânsito
também acaba afetando a saúde das pessoas e
a poluição é um dos agentes causadores.
O analista aponta ainda que estes mesmos gastos sobem, conforme
o passar do tempo. O custo chega aos quase R$ 410 milhões.
“A sociedade está pagando por isso. A poluição
não é apenas um inconveniente ambiental. Ela
tem um custo econômico que equivale a 8% do PIB paulistano.”
O Produto Interno Bruto da cidade de São Paulo está
é de, aproximadamente, R$ 330 bi.
Para o analista, as soluções para o caos no
trânsito paulistano vão aparecer a médio
e longo prazo, se houver investimentos. “Transporte
público seria a solução. A cidade tem
apenas 40 quilômetros de extensão de metrô,
quando deveria ter, pelo menos 500 quilômetros.”
Mas, num período de curto prazo, o professor vê
algumas alternativas: melhoria na qualidade dos ônibus
públicos e a fiscalização dos transportes
de cargas.
Outra aposta está na construção de pontes
que passem pelas marginais Pinheiros e Tietê. “Todas
as grandes obras [Complexo Airton Senna a Ponte Juscelino
Kubitschek, entre outras] não ajudaram a melhorar o
fluxo do trânsito e ainda tiveram gastos de R$ 3 bi.
Com este dinheiro, poderiam erguidas 33 pontes nas marginais.”
Esta discussão para a melhoria do tráfego paulistano
está em voga em diversos setores. Além dos estudos
da Fundação Getúlio Vargas, no mês
passado aconteceu um encontro entre agentes envolvidos com
a cena atual do trânsito e acabou formando o “Movimento
São Paulo não vai parar”. A idéia
é que ele sirva para analisar a situação
do tráfego, bem como algumas propostas.
Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes
e Passageiros por Fretamento para Turismo (Transfretur), Jorge
Miguel dos Santos, durante o encontro, houve a defesa da oficialização
do pedágio urbano. Mas, para ele, a melhor proposta,
é fazer com que os paulistanos mudem a prioridade de
usar carros privados e passem a usar transportes coletivos
– sejam públicos ou privados. “Tenho certeza
que este ano os candidatos vão abordar o trânsito
e o transporte em suas campanhas.”
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