inclusão
18/09/2007

Mudos e surdos ganham atenção de estabelecimento do shopping Santa Cruz

João Batista Jr.


Todo sábado é a mesma coisa: Carina Santos Souza, acompanhada do marido, passa a noite no shopping Santa Cruz. “Fui convidada para ser garçonete porque eles não conseguiam consumir”. O “eles” em questão são as cerca de 300 pessoas com deficiência na fala e na escuta que fazem da praça de alimentação do shopping um ponto de encontro aos sábados.

“Antes meus colegas não tinham como fazer pedidos porque as pessoas não conseguem entender o que dizem.” Carina foi contrata pela churrascaria Montana Grill, para atender em especial a essa parcela do público. Aos 27 anos de idade e com um emprego no Unibanco de segunda à sexta, Carina aceitou a proposta.

“Minha mãe pegou rubéola quando estava no oitavo mês de gravidez, por isso tenho problemas na fala”. Carina aprendeu a falar aos oito anos de idade com a ajuda de fonoaudiólogos. “Hoje eu falo bem.”

Comunicação
“Conheci meu marido, que não fala nada, em um encontro do shopping Metrô Tatuapé.” Para Carina, os encontros aos sábados são essenciais. “Eles vêem aqui para conversar e fazer amigos. Tem muito menino que monta aqui um time de futebol”, comenta. ”E mesmo para contar sobre alguma nova vaga de emprego.” Segundo ela, “o desemprego está alto para todo mundo.”

Na praça de alimentação, vê-se diversos grupos bebendo cerveja, tomando sorvete, namorando. E muitos conversando por linguagem de sinais. “As outras pessoas têm bares para cada estilo: para os roqueiros, para os cabeludos, para os mais velhos, mas a gente une todos em um mesmo lugar”, comenta Juliano Jukiti, 27 anos. No caso dele, a praça de alimentação do shopping Santa Cruz.

Operário de uma fábrica de refratários, Juliano diz que foi em um dos encontros que conheceu sua mulher. “Como ela não fala nada, tive de aprender a linguagem dos sinais”. Ele passou por problema semelhante. Quando criança, perdeu a fala porque seu tímpano estourou. “Fiquei sem falar por cinco anos, até minha mãe me levar a um fonoaudiólogo para eu recuperar a voz.”

“Hoje eu consigo conversar com fala e sinais”, orgulha-se ele. Assim como muitas pessoas falam a língua nativa e estudam um segundo idioma, Juliano se considera “bilíngüe”.

Segundo a caixa do Montana Grill Ediles Alves, a iniciativa da franquia da rede no shopping mudou a visão dos outros estabelecimentos. “Eles não gostavam deles, mas agora que a gente contratou a Carina todo mundo quer servi-los”.

Em tempo
Além do Santa Cruz, os shopping Metrô Tatuapé e Penha também são pontos de encontro de pessoas com deficiência na fala e na audição.

   
 
   
 

NOTÍCIAS ANterioreS:
17/09/2007 Minhocão ficará 46 horas fechado para colaborar com o Dia Sem Carro
17/09/2007
Futebol de botão ganha destaque no lado “boêmio” da Virada Esportiva
14/09/2007
Sacolão em M’Boi Mirim vira centro cultural
13/09/2007
Cultura será debatida para amenizar conflitos
13/09/2007
Projeto da polícia recupera praça e atrai jovens
12/09/2007
Prefeito de NY quer cordialidade para atrair turistas
12/09/2007 Calçadas da Avenida Dr. Arnaldo são repaginadas
11/09/2007 Vitrine que vira ateliê atrai pedestres nos Jardins
09/09/2007 Esporte repete cultura e faz sua "Virada"
06/09/2007 Periferia de São Paulo ganha cinema popular
Mais matérias