Heitor
Augusto
O espaço na rua Cândido José Xavier,
onde funcionava o sacolão municipal Parque Santo Antônio,
transformou-se em centro cultural, com atividades de inclusão
digital, teatro, música e oficinas. O terreno, cedido
pela prefeitura a João Adriano Gonçalves, estava
em disputa desde julho de 2006, quando foi lacrado por irregularidades
administrativas, segundo a Subprefeitura de M’Boi Mirim.
A programação do centro cultural está
dividida em duas linhas: cultural e social. Na primeira, estão
o teatro – com capacidade para 250 pessoas – e
duas salas multiusos para a realização de oficinas.
Por enquanto, apenas o teatro já está funcionando.
“Queremos que o grupo Manicomicos siga à frente
do projeto teatral, pois eles participaram desde o início
da luta de retomada do espaço”, afirma Roberto
QT, integrante da Rede Social São Luiz, que tenta desde
2006 retomar o espaço do sacolão.
Também estão sendo montados no novo espaço
uma biblioteca, telecentro, laboratório multimídia
e de ciências, possibilitados pelo convênio com
o Casa Brasil, projeto do governo federal. Já na área
social, a subprefeitura pretende implementar um Núcleo
Sócio Educativo para o atendimento de 120 crianças
carentes. O objetivo é fortalecer um projeto de economia
solidária.
O Parque Santo Antônio tem cerca de 23 mil habitantes.
Segundo o Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de
São Paulo, 2,33% dos jovens entre 15 e 17 anos são
analfabetos; 52,33% estão no ensino médio (em
bairros de classe média alta, como o Sumarezinho, o
índice chega a 92,83%). Cerca de 62,73% dos domicílios
têm televisão, geladeira e carro – número
aquém dos 99,33% registrados no Jardim Marajoara, região
de Santo Amaro.
Disputa
Argumentando que o sacolão vendia produtos acima da
média de preços, além de comercializar
bebidas alcoólicas, a subprefeitura lacrou o espaço.
José Adriano Gonçalves, que tinha a permissão
de uso, ingressou com um mandado de segurança e não
desocupou o local.
Para solucionar o nó que a comunidade não conseguia
desatar, entrou em cena o promotor Augusto Rossini. Procurado
em julho por Roberto QT, da Rede Social São Luiz, Rossini
atuou para que o sacolão fosse totalmente desocupado.
“Percebi que a demanda era lícita, legítima”,
explica o promotor.
Segundo moradores que não quiseram se identificar,
o permissionário do sacolão intimidava a comunidade
durante as reuniões que discutiam o formato do centro
cultural. Procurado pela reportagem no telefone comercial,
José Adriano Gonçalves não atendeu às
ligações.
|