Heitor
Augusto
Elaborada pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM), a lei batizada
de antipichação está gerando discussão.
No texto, sancionado em junho, o poder executivo municipal
é autorizado a pintar muros pichados ou grafitados.
Com a lei antipichação, o grafite só
será permitido se o dono do imóvel, seja o poder
público ou a iniciativa privada, concordar.
Artistas reclamam que os muros de São Paulo, antes
considerados espaços livres para a intervenção
artística, agora estão sob controle. “Até
a Lei Cidade Limpa surgir, há um ano, não se
falava sobre isso. A cidade era um espaço livre para
grafiteiros, até mesmo muros tradicionais se reciclavam”,
afirma Danilo Oliveira, curador da mostra A Conquista do Espaço
– Novas Formas de Arte de Rua, no Sesc Pinheiros.
A diretora de Meio Ambiente e Paisagem Urbana da Emurb (Empresa
Municipal de Urbanização), Regina Monteiro,
argumenta que a lei vai ajudar a conceituar grafite e pichação.
“A pichação é fazer inserção
em paredes onde o dono do imóvel não autorizou,
independente do símbolo gráfico. Já o
grafite, a gente poderia dizer que é uma ‘parceria’
entre quem pinta e o proprietário”.
Grafite não depende de autorização
“Só vai pintar na rua quem é grafiteiro
de verdade”. Esta é a opinião de Binho
Ribeiro, grafiteiro há 20 anos. “Desde que o
grafite foi para a mídia, há uma divisão.
Os artistas de verdade continuam pintando independente de
proibições. Porém, os oportunistas não
continuam e param de pintar”.
Para Danilo Oliveira, a lei é desfocada e não
atinge o centro da discussão. “Não sei
qual problema ela está combatendo. O grafite é
considerado uma coisa boa. São Paulo vira ponto de
atração turística, identidade da cidade”.
Em junho, os desenhos de Nina e a da dupla Osgemeos sob o
viaduto Antártica, zona oeste, foram pintados de branco.
“O que deveria ser feito é apoio do governo e
empresas para trabalharem juntos porque o grafite é
ponto de atração turística, identidade
da cidade. É ruim isso ser jogado fora.”
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