João
Batista Jr.
Há uma semana, o governo paulista começou a
coletar amostras de água do rio Pinheiros. A análise,
que irá registrar o nível de poluição
em diferentes trechos da extensão do rio, será
feita antes de o processo de despoluição ser
retomado – o que deve acontecer ainda este ano segundo
previsão da Secretaria do Verde e Meio Ambiente.
O processo de despoluição será o de
flotação. O mesmo idealizado pelo governo Mário
Covas, em 2001. A flotação, que forma e retira
flocos de poluição, gera impasse, pois alguns
ambientalistas consideram um recurso que afeta a qualidade
da água a ser bombeada. Em 2002, os deputados José
Mentor (federal) e Donisete Pereira Braga (estadual), ambos
do PT, embargaram a obra na Justiça. Por conta de um
acordo com o Ministério Público, a administração
José Serra conseguiu retomar as obras.
Segue abaixo entrevista com o deputado Ricardo Tripoli (PSDB),
um dos idealizadores do processo de despoluição
do rio Pinheiros (em 2001, era o secretário do Verde
e Meio Ambiente). O site GD tentou também conversar
com José Mentor (PT), um dos deputados que embargou
a obra na Justiça à época, que não
quis se manifestar sobre a retomada das obras por “não
estar a par do assunto” segundo sua assessoria.
SITE GD: É favorável à despoluição
do rio Pinheiros?
Tripoli: Sou amplamente favorável
à despoluição de todas as águas,
especialmente do Estado de São Paulo. A minha atuação
sempre se pautou por essa linha. Ocorre que despoluir um rio
é tarefa complexa e de longo prazo.
No caso do Pinheiros, não poderia ser diferente. Nessa
linha foi concebido o projeto Pomar que objetiva recuperar
as margens do rio e a paisagem da via Marginal.
SITE GD: Qual a importância
econômica do rio?
Tripoli: Ele é indispensável
à contenção da cunha salina que tem importância
fundamental para a qualidade da água da ETA Cubatão,
também é importante para o abastecimento de
água da região do ABC, da zona oeste de São
Paulo através da derivação das águas
do Taquacetuba; também aliviará a poluição
na região de Pirapora do Bom Jesus que sofre com as
espumas que o rio Tietê lança sobre a cidade
causando problemas também de poluição
do ar com graves conseqüências no aparelho respiratório
especialmente de crianças e idosos. E por último,
para liberar a geração de energia elétrica
na Usina Henry Borden.
SITE GD: Existe a possibilidade
de o rio Pinheiros ser, de fato, despoluído?
Tripoli: Existe. A flotação
é uma parte do processo de despoluição.
Ela como processo unitário executará cerca de
60% do processo de despoluição – o que
não dispensa a continuidade das obras e dos investimentos
do processo tradicional que devem ser até acelerados.
O que ela permite é que sejam atingidos os objetivos
de forma escalonada. O processo, inédito na sua formatação,
será rigorosamente acompanhado pela nossa Agência
Ambiental que forneceu os parâmetros de controle para
o projeto, bem assim acompanhará todas as fases dos
testes.
SITE GD: Caso isso ocorra,
a despoluição será por meio de flotação
– método contraditório para muitos e um
dos motivadores da oposição à época
ter entrado com embargo na Justiça. Isso significa
que os seis anos que se passaram foram perdidos?
Tripoli: A oposição à
época teve uma visão retrógrada comparável
à idade média. O que se pretende com essa fase
do processo é testar a técnica de flotação
em rios para possibilitar os benefícios que a população
merece: despoluir a Billings e ao mesmo tempo propiciar entre
outros os benefícios da geração de energia,
evitando-se o tão temido apagão que se propala.
O projeto foi rigorosamente analisado pelos órgãos
ambientais, todas as fases foram avaliadas, e se o teste comprovar
todas as hipóteses programadas, prossegue-se com as
demais fases e se terá os resultados em curto prazo.
SITE GD: Houve algum
acordo entre José Serra e a bancada da oposição
para que não haja nenhum entrave na Justiça?
Tripoli: Não tenho conhecimento.
SITE GD: O maquinário
comprado em 2001 poderá ser reaproveitado?
Tripoli: Os equipamentos instalados evidentemente
após paralisação de seis anos necessitarão
de uma adequada revisão para serem comissionados para
seu uso. Mas todos poderão ser novamente utilizados.
Links relacionados:
Descaso:
R$ 60 mi gastos no projeto da (não) despoluição
do rio Pinheiros
Governo
do estado anuncia que dará continuidade às ações
de despoluição do Rio Pinheiros
|