Heitor
Augusto
O PopCine, sala de cinema a preço popular, saiu do
centro e vai para a periferia da cidade. Após seis
meses na rua Maria Antônia, na Vila Buarque, a sala
vai ser instalada provavelmente na zona sul – o bairro
ainda será escolhido. O objetivo é iniciar as
exibições em novembro.
O preço é R$ 4 (inteira), metade do valor médio
das entradas para cinema no Brasil. Já foram exibidos
filmes como Falcão – Meninos do Tráfico
(de MV Bill e Celso Athayde) e Caparaó (de Flavio Frederico,
sobre a primeira guerrilha contra a ditadura militar); além
de clássicos como Bandido da Luz Vermelha (de Rogério
Sganzerla, sobre o bandido que aterrorizou São Paulo
na década de 60) e O Homem que Virou Suco (de João
Batista de Andrade, sobre um retirante espremido pelas pressões
da metrópole).
Quem integra o projeto faz questão de ressaltar que
o PopCine é uma sala de exibição, não
um cineclube. “A gente percebeu um certo preconceito
por parte da imprensa. Principalmente porque exibimos filmes
em digital e alguns diziam que, por isso, não éramos
um cinema”, protesta Felipe Macedo, coordenador do projeto
e veterano cineclubista.
Fim do patrocínio
Um dos motivos que fez o PopCine fechar a sala da rua Maria
Antônia e ficar parado até o fechamento de uma
nova parceria foi o fim do patrocínio da Secretaria
de Cultura do Estado.
Quando João Sayad assumiu no lugar de João
Batista de Andrade (em janeiro deste ano), a parceria foi
rompida – a secretaria era responsável pelo aluguel
da sala. A justificativa seria mudança de foco: em
vez de financiar o projeto, seriam comprados ingressos de
filmes do circuito tradicional e distribuídos à
população. Segundo a assessoria de imprensa,
não há previsão e nem moldes de quando
e como isso entraria em ação.
Além de bairros distantes, o PopCine montou uma sala
de exibição na Vila Mariana, na zona sul, na
biblioteca municipal Viriato Corrêa – próxima
à Cinemateca Brasileira. As exibições,
porém, não começaram. A assessoria de
imprensa da Secretaria Municipal de Cultura, até o
fechamento desta matéria, não respondeu porque
a sala ainda está inativa.
Cinema na periferia
O PopCine não é a primeira iniciativa de cinema
na periferia. Jovens do Jardim Ângela, que antes faziam
parte da ONG Papel Jornal, fecharam três parcerias e
montaram um “circuito”, apelidado de Cine Becos.
Todo último domingo do mês, às 19h, na
Casa de Cultura do M’Boi Mirim, há exibição.
O próximo filme é Kiriku e a Feiticiera. Na
coperifa, sempre na 2ª quarta-feira do mês, exibem-se
produções em curta-metragem. Os filmes Amor
e Alma do Negócio já estão na programação
da próxima exibição. Já na última
quinta-feira do mês, no Bloco do Beco, acontece o Pro
Cinema Sambar, onde rolam películas sobre samba. Sarava
é o próximo a entrar na roda.
Além do pessoal do Jardim Ângela, o Festival
Internacional de Curta-metragens faz sessões itinerantes
em diversos bairros da periferia. O Cinema na Comunidade passou
pelos bairros Real Park, Parelheiros (ambos na zona sul),
Perus (oeste) e Jardim São Carlos (leste).
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