BRASÍLIA.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem,
em pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão,
que tomará medidas para que o Brasil mude de verdade,
mesmo correndo o risco de ser mal compreendido pelo povo.
Segundo o presidente, é necessário traçar
metas claras e regras firmes, respeitar o Orçamento
e fazer sacrifícios:
"Mudar o Brasil significa ter a coragem de fazer as
coisas direito, bem feitas e para valer, como estou procurando
fazer. Mesmo sabendo que durante um certo tempo corro o risco
de ser mal compreendido por meu povo. Se esse for o preço,
eu pago. Fui eleito para fazer mudanças. Essa é
minha missão e dela não abro mão".
Aumento maior
Entre os sacrifícios, Lula citou o reajuste
de apenas R$ 20 para o salário-mínimo. Ele enfatizou
que gostaria de ter dado um aumento maior. Explicou, porém,
que não poderia fazer isso porque o orçamento
da Previdência não suportaria e o reajuste poderia
comprometer todo o esforço do governo para garantir
o equilíbrio das contas públicas.
Lula falou sobre as medidas duras que foi obrigado a tomar
em 2003 para evitar a volta da inflação e usou
números para comparar o início de seu mandato
à situação atual, após 500 dias
de governo. Lembrou que, no fim de 2002, a inflação
era de 3% ao mês e os juros chegavam a 25% ao ano. Hoje,
disse ele, a inflação é de menos de 0,5%
ao mês e os juros são de 16% ao ano.
"Botar o Brasil nos trilhos não era tarefa fácil.
Sabíamos desde o início. Herdamos muitos problemas
e um enorme desemprego. Assistimos à subida da inflação
e à redução que ela provocou na renda
de nossos trabalhadores. Por isso, nossa prioridade era reduzir
a inflação para estancar a queda do salário
real e garantir o ajuste das contas públicas, viabilizando
a queda do juros e a retomada do desenvolvimento", disse
Lula.
Segundo o presidente, felizmente as medidas duras já
estão surtindo os efeitos desejados. Ele afirmou que
os brasileiros devem estar percebendo as mudanças e
que o crescimento econômico já começa
a acontecer:
"Os dados divulgados pelo IBGE e pela imprensa nos últimos
dias não deixam dúvidas: estamos no caminho
certo", afirmou Lula.
Supervisão de Duda Mendonça
O programa, de sete minutos, teve a supervisão
do publicitário Duda Mendonça. Locutores apresentaram
manchetes de jornais que apontam a recuperação
do crescimento econômico e a geração de
empregos. Nos créditos, o nome de Lula foi grafado
errado: Luíz e não Luiz.
Lula iniciou seu pronunciamento anunciando a viagem que fará
a partir de hoje à China. Classificou como uma missão
da maior importância para ampliar o comércio
nacional. Segundo Lula, a China é o país que
mais cresce no mundo. O presidente disse que, em 2003, o Brasil
vendeu US$ 4,5 bilhões para os chineses, mas que ainda
há muito espaço para as exportações
crescerem.
" Essa oportunidade o Brasil não pode e não
vai perder. Aumentar as exportações para países
que são grandes compradores, como a China, é
uma das formas mais seguras e sólidas de acelerar nosso
crescimento, dinamizando e fortalecendo nossa economia".
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