Keila Baraçal
Engana-se quem pensa que animação
é coisa para gente grande fazer. A prova está
no nascimento de Muan, um software criado para que estudantes
produzam filmes animados. A ferramenta, genuinamente brasileira,
foi desenvolvida pelo Instituto Nacional de Matemática
Pura e Aplicada (IMPA), concebida pelo Anima Mundi (Festival
Internacional de Animação do Brasil) e teve
o apoio da IBM. Há cinco anos ela é usada em
escolas públicas e faz com que professores e alunos
unam a arte da animação com o conteúdo
visto em sala de aula.
“Ele [Muan] desenvolve a habilidade dos alunos. Os
professores usam esse software como uma forma de integração
curricular, através das disciplinas de geografia, história,
e, principalmente, nas aulas de meio ambiente”, explica
Patrícia Menezes, executiva de Cidadania Corporativa
da IBM. No Brasil, mais de 100 escolas usam a ferramenta que
já chegou até na Argentina.
Em termos técnicos, o Muan é um sistema usado
para fazer filmes quadro-a-quadro, que permite a animação
gráfica, edição, manipulação
e visualização de todo o material produzido.
Para produzir a animação, Patrícia explica
que o processo é feito de maneira simples. “O
aluno pensa numa história, seleciona alguns objetos,
e, através de uma câmera, captura as imagens
que foram registradas.”
Outras experiências
Entre diversas experiências feitas pelo Brasil,
uma delas está na cidade de Campinas, interior de São
Paulo. Lá, um núcleo de animação
desenvolveu, junto com os alunos e professores de escolas
públicas e particulares, o filme “Zé,
o desatento”. A trama toma por base a história
real de vida de algumas pessoas que vivem na periferia. O
local é, anualmente, devastado por conta das enchentes.
“As pessoas chegam a perder seus barracos durante as
chuvas, mas sempre acabam voltando para lá”,
explica o diretor Maurício Squarisi.
Embora ainda não tenha usado o software Muan, Squarisi
conta que sua experiência com estudantes começou
já na década de 80. “Nossa preocupação
não é saber se eles serão animadores
no futuro, é fazer com que eles tenham contato com
a animação.” O que tem de positivo neste
trabalho? Para o diretor, a auto-estima dos estudantes tem
um aumento relevante. “Eles deixam de ser meros expectadores
e passam a ser os autores do produto”, conta. “Zé,
o desatento” pode ser conferido na 16ª edição
do Anima Mundi. O festival vai até o dia 27 de julho.
Outras informações:
www.animamundi.com.br
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