Erika Vieira
Neste sábado, Hector Babenco visitará o bairro
do Grajaú, zona sul de São Paulo, para dar dicas
de cinema e assistir aos curtas-metragens produzidos pelos
jovens da região. A visita faz parte do projeto Cine
Tela Brasil, primeira sala itinerante de cinema, idealizada
pelos cineastas Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi.
Faz quatro anos que a sala itinerante roda por todo país.
Com um mês de antecedência, o local é escolhido
e uma tenda, nos moldes de uma sala de cinema de verdade,
é montada, sendo equipada com ar condicionado, projeção
cinemascope e som stereo surround. “Há 12 anos
eu e o Luiz resolvemos levar nossas produções
para todo o Brasil”, fala Bodanzky, diretora dos longas
Chega de Saudade e Bicho de Sete Cabeças, entre outros
trabalhos.
Filmes nacionais são exibidos gratuitamente para comunidades
periféricas, que grande parte, normalmente, nunca esteve
na frente de uma telona. “Uma pesquisa do IBGE mostra
que apenas 8% das cidades do Brasil têm sala de cinema.”
Além de assistirem aos filmes, os jovens do bairro
participam de oficinas de audiovisual durante um mês.
Por quatro sábados consecutivos, aprendem a trabalhar
com a linguagem cinematográfica. Os curtas produzidos
por eles são apresentados para profissionais da área,
como Bráulio Mantovani, Beto Brant, João Moreira
Salles, Cao Hamburguer, Marina Person e Paulo Betti. “O
objetivo da oficina não é formar profissionais
e sim pessoas.O mais importante é que aprendam a se
expressarem. A pessoa ocupa um espaço na tela do cinema
que nunca pensou que ia ocupar.”
Frutos da experiência começam a aparecer. Um
exemplo é o curta “Pão com mortadela e
meia mussarela”, produzido na oficina de Jundiaí,
que concorre no Festival Internacional de Curtas-Metragens.
“Fico imaginando a emoção deles, deve
ser a mesma que senti quando recebi a notícia de que
meu trabalho tinha sido indicado para um festival.”
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milhões
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