Erika Vieira
“Em mãos que carregam livros não há
espaço para armas” esse é o lema que faz
o Projeto Mudando a História disseminar cada vez mais
o prazer pela leitura. O projeto é implantado em São
Mateus, zona leste da cidade de São Paulo, compartilhando
na comunidade a riqueza da literatura. Iniciativa semelhante
é feita na Biblioteca Comunitária Casulo, no
Real Parque, zona oeste. Ambas experiências foram apresentadas
ontem (23/08) no “Encontro com a Biblioteca”,
realizado no Itaú Cultural.
Inserir o gosto pelo livro na periferia é um desafio
bem sucedido em São Mateus, a proposta faz com que
mediadores de leitura (jovens que compartilham a importância
da leitura com outras pessoas) se espalhem pelo bairro. Todo
mundo é tido como um público a ser atingido,
chegando até nos garotos “flanelinhas”
do Largo de São Mateus, um dos pontos mais movimentados
da região. “O projeto é mais do que formar
mediadores, mas sim pessoas que se preocupem com a comunidade
local e faça algo por ela”, explica Rômulo
Morishita, estudante de Biblioteconomia da USP.
Cultura de pais e filhos são aproximadas através
desse programa. “Uma mãe nordestina ficou surpresa
em saber que sua filha lia cordel nas mediações
que promovemos”, conta Beto da Silva, coordenador do
Mudando a História. São Mateus ainda não
tem uma biblioteca por falta de recursos (desenvolvem no centro
de Obra Social São Mateus), mas isso não faz
com que a paixão pela leitura seja inexistente, os
participantes se dedicam a plantar o desejo de ler.“Só
o empréstimo não garante o prazer da leitura,
é necessário apresentar a beleza do livro”,
fala Beto.
Estimular o gosto da leitura pelo simples fascínio
que esta desperta, é o desafio da Casulo. Montada desde
2003 a biblioteca virou ponto de encontro dos moradores. “As
crianças dizem que não conseguem ler na escola,
mas conseguem na biblioteca”, diz a organizadora da
biblioteca Márcia Lica. ”A biblioteca precisa
dos espaços de troca de idéias e não
só de placa pedindo silêncio”, ressalta
Rômulo. O objetivo é contribuir para a formação
dos moradores, democratização da leitura, fortalecer
hábitos da leitura indagadora e reflexiva.
O acervo de livros fica dentro da comunidade, sendo organizado
pelos próprios habitantes do local, fator fundamental
para que atinja a todos. “Biblioteca acontece quando
há intervenção comunitária, e
não quando chega em um prédio pronto”,
esclarece Maria Christina Barbosa de Almeida, docente de Biblioteconomia
da USP.
Serviço:
Obra Social São Mateus
rua Antônio Previato, 1343
tel: 6115 - 5773
São Mateus, São Paulo (SP).
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