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Na opinião dos conselhos
regionais de Medicina e Farmácia, faltou transparência
à administração José Serra (PSDB)
ao fazer o corte de 149 remédios de uma lista de cerca
de 300 fornecidos em postos de saúde de São
Paulo.
O órgão que reúne os médicos,
em uma análise inicial da lista, disse que no cômputo
final a medida é boa, do que discorda o conselho de
farmácia, também a partir de uma primeira avaliação.
"Não é uma atualização, mas
uma racionalização. O que fica demonstrado é
que você deixará de atender a uma parcela da
população", afirma o presidente do órgão
de classe dos farmacêuticos, Francisco Caravante Jr.
O farmacêutico destacou que a mesma equipe que elaborou
a lista inicial é a que realiza o corte agora, o que
denota que houve uma decisão administrativa, do secretário
da Saúde, Claudio Lottenberg. "Corte técnico
não existe. Nós [os farmacêuticos] substituímos.
Quando um remédio caduca, substituímos por mais
novos", continuou. "O corte tem "a cara"
do Serra, é o perfil de organização econômica.
Isso no final das contas afeta a população."
Um dos principais problemas apresentado por Caravante Júnior
foi a redução de dosagens. Ele também
utilizou como exemplo a retirada de um remédio tradicional
para labirintite.
Já o presidente do Conselho Regional de Medicina do
Estado de São Paulo, Isac Jorge Filho, afirmou que,
a princípio, a secretaria fez um bom trabalho, mas
o conselho deveria ter sido consultado para melhorar a questão
das dosagens. "Como regra, é boa."
Anteontem, o secretário Lottenberg afirmou que os medicamentos
cortados eram drogas que nunca tinham sido compradas pela
administração anterior, de Marta Suplicy (PT),
o que comprovaria uma "miopia". A assessoria da
ex-prefeita negou. Ele afirmou ainda que parte dos remédios
não é adequada e que havia excesso de dosagens.
De acordo com Lottenberg, os recursos para a compra de remédios
aumentaram em 60%, chegando a R$ 6 milhões/mês.
Segundo Lottenberg, a racionalização é
uma operação técnica da secretaria e
não necessita ser discutida com os conselhos. Disse
que a substituição das drogas cortadas será
estudada.
FABIANE LEITE
da Folha de S. Paulo
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