Os
bônus destinados aos executivos do setor industrial
brasileiro ficaram este ano 20% acima dos pagos em 2007 no
mesmo período, entre março e abril. O bom desempenho
da economia fez engordar a verba global ("bônus
pool") distribuída entre presidentes, vice-presidentes,
diretores, gerentes seniores e gerentes.
Estes dados fazem parte de uma pesquisa realizada pela consultoria
Towers Perrin, que ouviu 120 empresas de diferentes setores
da economia, 48% com faturamento a partir de R$ 1 bilhão,
sendo 7% acima de R$ 9 bilhões. As premiações
estão relacionadas ao cumprimento de metas estabelecidas
para 2007. No caso dos presidentes, isso significou, em média,
7 salários extras este ano- em companhias com faturamento
acima de R$ 3 bilhões. Este número, entretanto,
pode variar dependendo do desempenho do executivo. "Quem
teve uma performance excepcional recebeu até 10,5 salários
a mais", diz Felipe Rebelli, consultor da área
de remuneração da Towers Perrin.
A remuneração variável já é
um item forte na composição dos pacotes oferecidos
aos executivos no país. Um dos motivos é a briga
por talentos que atinge hoje vários setores da economia.
"Ela ainda funciona como uma arma eficaz para reter os
melhores", diz Rebelli.
Este ano houve um aumento médio de 17% no montante
destinado ao pagamento dessa remuneração variável.
Na pesquisa, 94% das companhias disseram que distribuirão
premiações por desempenho iguais ou superiores
às de 2007. "As empresas de capital aberto, que
publicam resultados, utilizam muito esta prática e
agora estão aprimorando esses planos", diz o consultor.
Cada vez mais, segundo Rebelli, esses programas estão
sendo elaborados com base no reconhecimento da performance
individual. "Em vez de dividir o 'bônus pool' com
toda a equipe, um diretor comercial hoje prefere dar mais
para quem se sobressaiu", diz.
Para segurar em seus quadros os melhores profissionais, as
empresas também têm antecipado promoções,
utilizado bônus de longo prazo ou criado algum tipo
de bônus de retenção. "É uma
premiação extra que será paga no prazo
de dois anos, além dos incentivos de longo prazo, do
salário, dos benefícios e do bônus anual",
explica Rebelli. Antes, esse tipo de bonificação
era restrita a companhias de grande porte. Agora, muitas médias
também adotam esta prática.
No caso das empresas que realizam ofertas públicas
iniciais (IPOs) os mecanismos de retenção mais
utilizados são os programas de distribuição
de ações, as stock options. "No Brasil
eles são bastante agressivos", diz Rebelli. Nos
Estados Unidos, o aumento das exigências contábeis
fez com que muitas companhias diminuíssem o número
de ações destinado aos executivos, o que inclui
aqueles que trabalham nas subsidiárias. "Houve
um corte drástico", diz o consultor.
No setor financeiro (3% das companhias pesquisadas), os bancos
nacionais foram os que mais engordaram os bônus em relação
a 2007. As instituições financeiras estrangeiras,
no geral, tiveram que encolher a verba de premiações
por conta da crise americana no segundo semestre do ano passado.
"É muito difícil descolar o desempenho
local do que acontece na matriz", diz Rebelli.
A pesquisa mostra ainda que os acréscimos nos salários
por mérito também estão sendo bastante
utilizados no país. Eles são praticados por
70% das empresas pesquisadas, sendo que 63% delas são
múltis. Das que utilizam esse sistema, 20% efetivam
essas mudanças no mês de abril. No geral, de
gerentes para cima, os aumentos são 30% superiores
aos demais níveis da organização.
O mês de maior incidência para o pagamento da
remuneração variável para 30% das companhias
é março. Em 61% delas, os indicadores financeiros
mais utilizados para estabelecer o montante a ser distribuído
são os de lucratividade, como o lucro líquido
ou o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação
e amortização). Apenas 43% usam o faturamento
para este cálculo.
Stela Campos
Valor Econômico
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