De acordo
com antropóloga Elisete Zanlorenzi, a idéia
de que o povo baiano é culturalmente preguiçoso
é falsa. Em sua tese de doutorado, O Mito da Preguiça
Baiana, apresentada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas (FFLCH), da USP, a pesquisadora desvendou as origens
deste mito.
Partindo de levantamentos realizados nas empresas de Salvador,
Elisete demonstra que o baiano trabalha tanto quanto os outros
brasileiros. Em uma das empresas pesquisadas durante o mês
de fevereiro (Carnaval), houve mais faltas abonadas na filial
em São Paulo (0,61%) do que na sede em Salvador (0,27%).
Segundo a pesquisadora, a caracterização do
baiano como preguiçoso começa com as grandes
migrações de nordestinos, genericamente chamados
de "baianos", para o sul do País. Os recém
chegados, ainda sem emprego, alojavam-se em cortiços
ou favelas. "Estas condições contribuíram
para que o termo baiano fosse associado a outros como sujo,
desorganizado, não produtivo e, finalmente, preguiçoso",
explica Elisete.
Um outro aspecto interessante que contribuiu com a associação
da Bahia à preguiça está ligado ao discurso
de baianos famosos como Dorival Caymmi, Caetano Veloso, Gal
Costa, e Maria Bethânia. "Eles chegavam no eixo
Rio-São Paulo afirmando serem preguiçosos. Era
como dizer: eu não sou daqui", analisa a pesquisadora.
Em sua tese, Elisete menciona outros quatro motivos para a
formação do mito da preguiça baiana:
a industrialização tardia de Salvador, a indústria
do turismo, que mostra somente o aspecto divertido da festa,
o discurso da imprensa, que transmite apenas o lado trágico
das migrações, e a indústria da seca,
que forjou uma imagem do nordeste ligada à incapacidade
profissional para justificar a necessidade de investimentos
na região.
As informações são
da USP
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