A presidência
da Câmara Municipal de Serra (ES) fez uma compra de material
inusitado para os vereadores da Casa. São 17 poltronas de
couro, anatômicas, reclináveis, dotadas de controle remoto
que ativa um sistema eletrônico de massagem nas costas e na
nuca. Foram gastos R$ 62.900.
A medida, segundo o vice-presidente da Câmara, Aloisio Santana
(PSDC), é de responsabilidade do presidente Adir Paiva da
Silva, 42, do PAN (Partido dos Aposentados da Nação). "Ele
[Silva] não precisa de autorização da Mesa Diretora para realizar
uma compra. Pode tomar essa posição unilateral, e tomou. Foi
uma surpresa para todos os vereadores", disse.
As poltronas chegaram aos gabinetes dos 16 vereadores na
terça-feira da semana passada. Conforme Santana, houve licitação
e cada uma custou em torno de R$ 3.700 aos cofres públicos.
Questionado pela reportagem sobre o motivo do número de cadeiras
ser 17, Santana afirmou que isso ocorreu "possivelmente para
ter uma de reserva". Dos 16 vereadores, nove tinham devolvido
as poltronas até a tarde de ontem à presidência da Câmara,
segundo o vice-presidente.
A reportagem deixou recados no gabinete do presidente e no
número que consta como seu celular, mas até o fechamento desta
edição ele não havia respondido.
A assessoria de imprensa da Câmara declarou que as informações
só poderiam ser prestadas pelo presidente. Por volta das 18h,
uma secretária do gabinete de Silva disse que ele estava na
Casa, mas que não comentaria o caso.
O Ministério Público do Espírito Santo requisitou à presidência
da Câmara informações sobre o processo de licitação da compra.
"Inoportuna"
Roberto Carlos (PT), um dos que recusaram a cadeira, classificou
a aquisição como inoportuna. "A cadeira não ajuda em nada
o desempenho de nosso mandato. Um gasto dessa magnitude contribui
para o descrédito da população com a classe política." Com
um orçamento anual previsto em R$ 15,62 milhões, a Câmara
de Serra paga um salário de R$ 5.740 a cada vereador.
JOSÉ EDUARDO RONDON
da Agência FOlha
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