Percentual
de pessoas ocupadas acima de 50 anos passa de 15,4% para 18,1%
Estudo do IBGE mostra também que esse grupo populacional
teve perdas salariais menores nos últimos quatro anos
A força de trabalho no Brasil está envelhecendo.
De maio de 2002 a maio de 2006, o percentual de trabalhadores
com mais de 50 anos entre o total de ocupados das seis maiores
regiões metropolitanas subiu de 15,4% para 18,1%. Essa
constatação é de estudo do IBGE divulgado
ontem e realizado a partir da Pesquisa Mensal de Emprego.
Vários fatores ajudam a explicar esse fenômeno.
O primeiro é que toda a população brasileira
está também passando por um processo de envelhecimento,
com o aumento na proporção de idosos sobre o
total. Como a população, como um todo, envelhece,
é de esperar que a força de trabalho também
siga essa tendência.
É por isso que a participação dos mais
velhos cresceu em todas as categorias pesquisadas pelo IBGE.
Em março de 2002, por exemplo, o percentual de pessoas
com mais de 50 anos em relação a toda a população
em idade ativa era de 22,4%. Quatro anos depois, esse percentual
aumentou para 25,3%.
Também cresceu a proporção dos com mais
de 50 anos em relação ao total de desocupados
-ou seja, os que procuraram emprego, mas não acharam-
e em relação aos não-economicamente ativos,
ou seja, aqueles que não trabalham nem procuraram emprego.
Além do envelhecimento populacional, também
contribuiu para esse processo o impacto das recentes mudanças
na legislação previdenciária, que elevaram
a idade mínima para aposentadoria e aumentaram o tempo
de contribuição.
Outra possível explicação é o
fato de a população mais jovem estar adiando
sua entrada no mercado de trabalho e ampliando o período
de estudo. Com menos jovens no mercado, aumenta a participação
dos mais velhos.
O pesquisador Marcelo de Ávila, do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada), identifica ainda um
movimento de trabalhadores com mais de 50 anos que, por causa
da insuficiência dos ganhos com aposentadoria ou para
ajudar a completar a renda familiar, acabam voltando ao trabalho
ou adiando a aposentadoria. "Como a renda per capita
média não está crescendo de maneira suficiente,
muitos trabalhadores com mais de 50 anos podem ter voltado
ao mercado para manter o padrão de vida das famílias",
diz Ávila.
O grupo de trabalhadores com mais de 50 anos tem características
específicas. Uma delas é a menor taxa de desemprego
-de apenas 1,4%, ante 5,7% do total da população.
A principal explicação para essa taxa mais baixa
é o fato de grande parte dessa população
estar inativa e, mesmo assim, não procurar emprego,
não configurando, portanto, desemprego para efeito
do cálculo da taxa pelo IBGE. São pessoas que
podem, por exemplo, já estar recebendo benefícios
de aposentadoria.
Renda maior
Em maio de 2006, a renda do trabalho entre os que tinham mais
de 50 anos era de R$ 1.401, valor 36% superior ao verificado,
em média, entre o total de trabalhadores, que ficou
em R$ 1.027 no mesmo mês.
A comparação da renda nos últimos quatro
anos mostra que essa distância entre os mais velhos
e o total aumentou bastante. De maio de 2002 a maio de 2006,
todos os trabalhadores apresentaram queda em seu rendimento.
A queda entre os que tinham mais de 50 anos foi de 12,7%,
enquanto no total da população a baixa foi de
34,4%. É por isso que a diferença no salário
desses dois grupos saltou de apenas 2,4% em maio de 2002 para
os atuais 36%.
Segundo Maria Lúcia Vieira, analista da Pesquisa Mensal
de Emprego, essa menor queda entre os mais velhos pode ser
explicada, entre outros fatores, porque a proporção
de empregadores, trabalhadores por conta própria e
militares e funcionários públicos no total desse
grupo é maior.
Antônio Gois
As informações são da Folha de
S.Paulo.
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